Filipa de Sousa, in Público on-line
Só no último mês morreram 188 pessoas em Bama.
Segundo a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF), mais de 1200 pessoas morreram à fome ou vítimas de doença num campo de refugiados localizado no nordeste da Nigéria, em Bama. De acordo com o que foi relatado pelos MSF, cerca de 24 mil pessoas – 15 mil das quais são crianças e 4500 com menos de cinco anos – estão alojadas na cidade do estado de Borno, depois de terem fugido do grupo terrorista Boko Haram.
Na terça-feira realizou-se a primeira visita dos MSF à cidade de Bama após esta ter sido resgatada do grupo terrorista, em Março de 2015, relata o jornal The Guardian.
“Disseram-nos que pessoas de lá, incluindo crianças, morreram à fome. De acordo com as informações dadas à MSF por pessoas que vivem agora em Bama, novas campas aparecem diariamente. Foi-nos dito que em alguns dias mais de 30 pessoas morreram devido a fome ou doença”, explica Ghada Hatim, responsável pela missão nesta cidade nigeriana, através de um comunicado divulgado esta quinta-feira pelos Médicos Sem Fronteiras.
Nessa visita descobriram uma crise que caracterizam de “emergência humanitária catastrófica”. Dezasseis crianças com malnutrição aguda grave, em risco de morte, foram encaminhadas para um centro em Maiduguri para receberem tratamento. Foram ainda encontradas 1233 campas que foram escavadas no último ano - 480 pertencem a crianças.
Segundo a BBC, o Boko Haram já provocou 20 mil mortos e mais de dois milhões de deslocados durante a revolta que dura há sete anos, para além de terem sido os autores de milhares de sequestros, como o rapto de raparigas em Chibok de há dois anos.
Apesar de o exército nigeriano ter conseguido recuperar grande parte do território antes ocupado pelo grupo terrorista, que no ano passado jurou fidelidade ao Estado Islâmico, os ataques de bombistas suicidas continuam a acontecer com frequência, acrescenta The Guardian. Segundo um relatório publicado este ano pela UNICEF, o Boko Haram recorre cada vez mais a crianças para os ataques suicidas.
Texto editado por Ana Gomes Ferreira