28.7.11

Combates intensos em Mogadíscio com milhares à espera da ajuda alimentar

in Público on-line

A capital somali é hoje palco de fortes combates num ataque das forças leais ao frágil governo de transição do país, apoiadas por soldados da União Africana, sobre um bastião dos islamistas da Al-Shabab, numa altura em que milhares de pessoas estão a chegar aos subúrbios de Mogadíscio em busca da ajuda de emergência contra a fome que começou ontem a ser lançada por via aérea pelo Programa Alimentar Mundial.

O epicentro da batalha, onde terão morrido já pelo menos quatro pessoas, é o mercado de Bakara e a zona circundante de Suqbacad, relataram várias fontes locais às agências noticiosas. Os primeiros tiros de artilharia e armas automáticas foram ouvidos ao nascer do dia, com residentes a testemunharem a fuga dos civis daquelas áreas, bastião dos rebeldes na capital somali, assim como a participação de tanques nos “muito violentos combates”.

A missão da União Africana (Amisom), composta por cerca de nove mil militares ugandeses e do Burundi, no terreno desde 2007, controla pouco mais do que metade da capital incluindo as áreas do aeroporto e do porto, enquanto os rebeldes dominam praticamente todo o nordeste de Mogadíscio, onde se concentram as batalhas de hoje.

Não é por isso de esperar que estes combates afectem o fluxo da ajuda alimentar internacional a chegar à capital, mas a sua distribuição pelos milhares de somalis que começaram nos últimos dias a acorrer aos subúrbios de Mogadíscio pode eventualmente ficar comprometida, sugere o correspondente da BBC, Mohammed Dhore.

Ontem, o Programa Mundial Alimentar fez chegar a sua primeira entrega de alimentos desde que as Nações Unidas declararam oficialmente, na semana passada, que a Somália – e em particular as regiões de Bakool e Baixa Shabelle, no sul do país e sob o controlo da Al-Shabab – se encontra numa “crise alimentar grave”, avaliada já como a mais dramática no país em seis décadas, afectando quase três milhões de pessoas.

A maior parte das agências humanitárias, incluindo o Programa Mundial Alimentar, abandonaram a Somália há cerca de dois anos, após uma série de ameaças dos rebeldes islamistas à segurança das suas operações no território. Muitas estão agora a regressar, apesar de a Al-Shabab manter que continuam a não ser bem-vindas no país e ter acusado a ONU de prosseguir “motivações políticas” na declaração de existência de fome na Somália.