in Jornal de Notícias
A exploração laboral foi o principal motivo para que fossem registadas, em 2010, mais vítimas masculinas que femininas do crime de tráfico de seres humanos, revela o relatório de 2010 do Observatório que estuda estes fenómenos.
O documento, apresentado esta terça-feira, indica que foram confirmadas 22 vítimas de tráfico de seres humanos, 14 homens e oito mulheres, dados que invertem os registos de 2008 e 2009. A idade média das vítimas, na maioria solteiras, ronda os 28 anos.
Para além dos 22 casos confirmados pelos órgãos policiais como sendo vítimas de tráfico de seres humanos, mais 35 continuam em investigação.
"Apesar de a maioria das vítimas sinalizadas ser do sexo feminino para exploração sexual, os casos confirmados correspondem na sua maioria a vítimas do sexo masculino para exploração laboral", lê-se no relatório do Observatório de Tráfico de Seres Humanos (OTSH).
Sete homens portugueses foram vítimas de tráfico, seis dos quais para exploração laboral. As restantes 13 vítimas são de nacionalidade estrangeira: sete da Roménia, cinco do Brasil e uma da Nigéria.
Foram também confirmadas duas vítimas menores de idade. Um rapaz português de 15 anos e uma rapariga romena de 14 anos, traficada para fins de exploração sexual.
"À semelhança de 2008, o tipo de tráfico mais registado em 2010 foi para fins de exploração laboral, tendo a maioria das vítimas sido aliciada através de uma proposta/promessa de emprego", sublinha o documento.
Quanto aos traficantes, existem apenas 6 registos, entre os quais dois portugueses, um romeno e um brasileiro.
Actualmente, o OTSH continua a investigar os casos de 35 vítimas sinalizadas, 30 mulheres e quatro homens, com uma média de idades de 21 anos.
As vítimas sinalizadas pelo OTSH dispersam-se pelos distritos do Porto, Lisboa e Faro.
Em 2010 foram realizadas, em Portugal, cerca de 3000 acções de combate à imigração ilegal e tráfico de pessoas, havendo 28 crimes de tráfico registados pelas autoridades policiais.