in Agência Ecclesia
Estatísticas deixam antever «exército incontável» de pobres, diz Eugénio Fonseca, que lamenta dificuldade da Igreja em partilhar informação sobre a sua ação social
O presidente da Caritas revelou que a instituição está a atender 75 mil pessoas em oito das 20 dioceses territoriais portuguesas, de acordo com dados recolhidos em abril.
Em entrevista transmitida ao programa da ECCLESIA na RTP-2, Eugénio Fonseca afirmou que aquela estatística deixa antever um “exército incontável” de pobres.
A Caritas, um dos principais organismos de apoio social da Igreja Católica, procede atualmente a um “reajustamento de prioridades” no que diz respeito à aplicação das verbas disponíveis.
A alimentação está a dar lugar a outras urgências: “Qualquer pessoa que precise pode ter pelo menos uma refeição por dia”, dado que “felizmente já há muitas respostas no país”, explica.
“São cada vez mais escassos os recursos” e “cada vez mais complexas as necessidades”, refere Eugénio Fonseca, esclarecendo que as verbas estão a ser usadas para evitar a perda da habitação, área onde se registam “números astronómicos de dívidas”, bem como no apoio a despesas escolares e compra de medicamentos.
O responsável sublinha também que a Igreja Católica tem uma “dificuldade muito grande em partilhar informação” entre as suas organizações no que diz respeito à ação social, “constrangimento” que diz ser “muito limitativo”.
Por outro lado, acrescenta, é imprescindível recolher informação sobre a realidade da pobreza, de modo a estabelecer as respostas mais adequadas, mas nem todos o compreendem: “Muitas pessoas acham que não vale a pena terem este trabalho porque o que importa é ajudar”.
Eugénio Fonseca salienta que a Caritas recusa revelar a “quem” se presta auxílio mas assinala que é preciso anunciar “o que se faz” e o “quanto se faz”, para suscitar outras boas vontades e consolidar a credibilidade da instituição.
PTE/RM