23.11.11

Há fome na Universidade do Algarve e serão distribuídos cabazes com alimentos

in Público on-line

O presidente da Associação Académica da Universidade do Algarve afirmou hoje que há estudantes com fome na instituição, alguns dos quais começarão a receber dentro de dias 100 “cabazes” de primeiras necessidades, que incluem alimentos básicos e roupa.

“Encontrámos estudantes que dizem que não vão conseguir acabar o curso porque perderam o direito à bolsa e alguns que nos disseram que já passam fome”, disse Guilherme Portada à agência Lusa no final de uma visita aos dois pólos da Universidade em Faro, na companhia do administrador dos Serviços de Acção Social da Universidade do Algarve, Amadeu de Matos.

O responsável salientou que os actuais limites orçamentais “não permitem uma efectiva ajuda” dos serviços sociais aos estudantes mais carenciados.

“Muitos deles disseram-nos que, como perderam a bolsa ou começaram a receber uma bolsa reduzida e insuficiente para as despesas, têm como única saída o pedido de um empréstimo ao banco. O problema é que a banca exige que o pagamento desse empréstimo comece um ano depois do fim do curso e os estudantes estão com pânico de não conseguirem emprego”, disse.

A Associação Académica lançará quinta-feira o “Projecto Amanha-te”, que consiste na atribuição de “cabazes” de primeiras necessidades a estudantes, com géneros alimentícios, roupa usada, vales para fotocópias nos serviços académicos e vales para a prática de modalidades desportivas.

“Neste momento já temos centenas de quilos de alimentos e centenas de peças de roupa, graças à generosidade dos estudantes”, disse Guilherme Portada, sublinhando que os cabazes são “uma resposta da Associação Académica às graves carências por que passam alguns estudantes, mas não uma substituição do esforço que pertence ao Estado de dar a todos o direito ao ensino com dignidade”.

Os cem “cabazes” poderão ser levantados, mediante inscrição prévia, no Centro de Apoio aos Sem Abrigo de Faro.

“A pobreza envergonhada existe e por isso decidimos que os estudantes não deviam receber os ‘cabazes’ no meio universitário mas sim numa instituição exterior à Universidade”, justificou.