9.3.15

Portugal não se pode resignar


Diogo Agostinho, in Expresso


O índice da Bloomberg foi devastador. Portugal está no top 10 de países que vai enfrentar um 2015 em condições penosas. Na miséria mesmo. Onde trabalhar e viver será mais difícil.

Este é o ponto essencial. Este é o grande desafio que todos, todos sem excepção devem perceber e começar a arrepiar caminho.

Que retrocesso é este que estamos a assistir? Em que país se está Portugal a transformar?

É urgente dar resposta a esta situação difícil. Estamos melhor que Grécia e Espanha, melhores que Rússia e Ucrânia, mas não estamos numa posição confortável.

Este deveria ser o debate essencial nas próximas eleições legislativas cuja campanha já arrancou.

Há uma minoria silenciosa em Portugal: a minoria do flagelo da pobreza que todos os dias enfrenta privações. São situações de desespero nas quais as perspectivas de melhoria são remotas.

São jovens sem emprego, pessoas no meio de um caminho de vida feridos no seu orgulho e na sua dignidade.

Nunca foi tão urgente lutar contra este estado de desespero e desesperança. Para que queremos indicadores, números e variáveis económicas quando estamos assim? Espécie de ponto sem retorno, sem esperança, nem força para nos levantarmos do chão. O futuro da humanidade não pode ser a pobreza a morar ao lado da modernidade e a tecnologia, mas sem nunca lá entrar. Não podemos viver ao sabor dos humores dos mercados, quando temos um povo sob pressão. Perdido entre dívidas, credores, penhoras e desemprego.

É aqui que todos se devem concentrar. Decisores políticos, do Governo à Oposição, do Presidente aos membros das Autarquias Locais e obviamente a sociedade civil que se quer participativa.

Hoje a situação só não ganha contornos mais dramáticos, porque existe uma coordenação entre diferentes instituições como Câmaras, IPSS das quais se destacam as Misericórdias que procuram acudir às situações de emergência social que surgem. De fome, de abandono, de maus tratos, de envelhecimento sem cuidados, de doenças e vícios, de um buraco negro que não permite uma vida com um mínimo de dignidade humana.

Temos tantos heróis anónimos por este país fora. Com funções e acções que são uma verdadeira bênção para muitos.

A economia só pode existir ao serviço do ser humano.

É preciso reconstruir um País que está acabrunhado e anémico. É preciso acabar com a pobreza e a miséria mais ou menos escondida. Não nos podemos perder na espuma dos casos e soundbytes.

Este regime está de rastos.

É bom não perder o foco. O centro da política são as pessoas, tudo o resto é secundário.

Não nos podemos resignar.