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Fogem da guerra, de conflitos e perseguições. Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados fala num aumento de 83% face aos primeiros seis meses do ano passado.
"A Europa depara-se com uma crise de refugiados que chegam por via marítima, de proporções históricas", alerta o Alto Comissariado para os Refugiados da ONU (ACNUR). O organismo revela esta quarta-feira que um recorde de 137 mil pessoas atravessou o Mediterrâneo no primeiro semestre do ano.
O valor traduz um aumento de 83% face ao mesmo período de 2014. A situação deve agudizar-se no Verão, altura em que as viagens clandestinas no Mediterrâneo se tornam mais frequentes. No ano passado, o número de migrantes passou de 75 mil no final de Junho para 219 mil em Dezembro, indica o ACNUR.
A maior parte das pessoas foge de guerras e perseguições, colocando-se à mercê das redes de tráfico numa tentativa de encontrar melhores condições de vida e segurança. Aceitam, por isso, fazer uma perigosa travessia em barcos e condições precárias.
"Pessoas desesperadas recorrem a medidas desesperadas, infelizmente. Os números devem continuar a subir", afirma o porta-voz do ACNUR, Brian Hansford à agência Reuters.
Um terço dos homens, mulheres e crianças que alcançaram as costas da Grécia ou de Itália desde o início do ano é oriundo da Síria, palco de uma guerra civil desde 2011.
As pessoas que fogem da violência contínua no Afeganistão e do repressivo regime da Eritreia representam 12% do total, segundo o relatório do ACNUR. Somália, Nigéria, Iraque e Sudão são outras das principais proveniências dos migrantes.
"A maior parte dos que chegam por via marítima à Europa é refugiada e procura protecção contra a guerra e as perseguições", realça em comunicado, o alto-comissário da agência da ONU, António Guterres.
Na lista negra ficam 1.867 pessoas, que morreram a tentar cruzar o Mediterrâneo desde Janeiro, das quais 1.308 só no mês de Abril.
No final da semana passada, em resposta à crise, os chefes de Estado e de Governo dos 28 países da União Europeia aprovaram repartir entre si 60 mil refugiados nos próximos dois anos. No entanto, os 28 não aceitaram definir quotas, sendo o acolhimento feito com base de modo voluntário. Foi, assim, rejeitada a proposta da Comissão Juncker de quotas obrigatórias, com o número de pessoas a acolher definido à partida.
O método de repartição dos migrantes vai ser discutido e decidido neste mês de Julho.
“Com uma boa política, apoiada por uma resposta operacional efectiva, é possível salvar mais vidas no mar”, observa o alto comissário para os refugiados, António Guterres.