In Jornal de Notícias
O representante da Plataforma de Apoio aos Refugiados Rui Marques critica "a lentidão, a ineficiência e a total incapacidade de resposta" das instâncias europeias no processo de recolocação de refugiados em Estados-membros como Portugal.
"Lamentamos profundamente que, em termos europeus, a lentidão, a ineficiência e a total incapacidade de resposta esteja a atrasar este processo. Não conseguimos entender, tendo sido tomada uma decisão do Conselho Europeu, havendo consenso e disponibilidade de países como Portugal, por que é que está a demorar tanto tempo a recolocação de refugiados, tanto mais que as condições atmosféricas estão a deteriorar-se", afirmou, em declarações à Lusa, Rui Marques.
O representante da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), que esta manhã participou no Porto no debate "Abrir Portas aos Refugiados --A questão das migrações para a Europa", organizado pela Reitoria da Universidade do Porto no âmbito do Dia do Voluntário daquela instituição de ensino superior, afirmou que, no país, "os recursos estão reunidos", sendo que, "se fosse necessário", estaria tudo pronto na quinta-feira para acolher o primeiro grupo de cem refugiados oriundos de Itália.
"É fundamental que as instâncias europeias sejam mais rápidas e eficazes, e que estejam atentas a este problema, porque se existe um acordo a nível europeu ele deve ser cumprido de imediato, e não é por causa dos países de acolhimento que não se está a cumprir", frisou Rui Marques.
Questionado sobre como vai funcionar o acolhimento em Portugal, o responsável referiu apenas que a PAR tem "como perceção, quer do Estado quer da sociedade civil, que existe nesta altura um conjunto de recursos e de infraestruturas, bem como de equipas mobilizadas, para acolher refugiados".
Lamentando que Portugal ainda não tenha recebido a lista de pessoas que serão acolhidas no país, "que está na primeira linha dos países europeus que mostram de uma forma exemplar capacidade de acolher dentro das suas capacidades e recursos", Rui Marques considerou "urgente" que "as diferentes instâncias envolvidas neste processo "sejam mais céleres, mais eficazes e capazes de responder a este desafio humanitário".
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) anunciou na terça-feira que existe disponibilidade imediata de começar a receber 100 requerentes de asilo, depois de ter sido finalizado o levantamento dos recursos disponíveis para o seu acolhimento.Em comunicado, o SEF adiantou também que o primeiro grupo inclui 100 pessoas provenientes da Síria, Eritreia e do Iraque.
O SEF esclareceu ainda que a data de chegada dos requerentes de asilo é "da responsabilidade da União Europeia e das autoridades dos Estados-membros onde se encontram", nomeadamente em Itália e na Grécia.
Portugal vai receber, no âmbito da recolocação de refugiados, cerca de 4500 pessoas nos próximos dois anos.