in Região de Leiria
Os desafios e o futuro do terceiro sector foi o tema das V Jornadas de Economia Social que decorreram em Leiria, no dia 8 de outubro. A pobreza foi uma das questões abordadas, enquanto problema transversal às instituições de economia social.
“A Assembleia da República devia ter um grupo de trabalho para analisar o impacto das leis que promulgam, sobretudo na ação social”. A ideia foi defendida pelo padre Jardim Moreira, presidente da Direção da EAPN Portugal / Rede Europeia Anti-Pobreza, durante as V Jornadas de Economia Social que se realizaram no passado dia 8 de outubro, no Hotel Tryp, em Leiria.
Jardim Moreira referiu que “a pobreza é transversal uma série de ministérios” e que a sua causa pode não residir apenas na economia, podendo ser também o Parlamento. Uma monitorização aos efeitos das leis promulgados conseguiria, no seu entender, esclarecer o país sobre as verdadeiras causas da pobreza.
Neste contexto, lembrou ainda que as medidas geradoras de empobrecimento têm um impacto de 5% nos ricos, mas de 25% nos pobres e manifestou-se preocupado relativamente ao tempo que esta percentagem demora a reduzir. Jardim Moreira referiu ainda que “o país não caminha todo ao mesmo ritmo”, havendo zonas em que caminha mais rápido em função dos autarcas e das entidades locais.
Durante as V Jornadas de Economia Social, promovidas por 11 instituições da região, entre as quais o Núcleo de Leiria da Rede Europeia Anti-Pobreza, foi ainda debatida a necessidade de conhecer a realidade das instituições que trabalham no domínio da Economia Social, algo que já está a ser feito pela CASES – Cooperativa António Sérgio para a Economia Social, anunciou o seu presidente Eduardo Graça. Adiantou ainda que foi criada uma conta satélite que permite fazer um zoom sobre as contas da economia social e do seu peso relativamente à economia nacional.
Eduardo Graça salientou que a economia social vale 5,5% do emprego remunerado mensal em Portugal, que é uma “taxa elevada” e “muitíssimo mais do que o sector segurador e bancário”.
Pedro Hespanha, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, salientou que “a sociedade descansou à sombra da transferência de competências” e que neste momento está a sofrer “as consequências da desresponsabilização e do excesso de atribuição ao Estado”. Por parte do Estado, prosseguiu Pedro Hespanha, existe interesse em ser parceiro e cooperante, por ser “uma solução mais barata”. Já da parte das instituições verifica que “a escolha das valências é a que permite uma melhor relação com o Estado para obter financiamento” e não aquela que vai ao encontro das reais necessidades da comunidade.
As V Jornadas de Economia Social contaram ainda com a participação de Pedro Krupenski, da plataforma das ONGD – Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento, Jorge Brandão, da CCDRC - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Alexandra Neves, da Portugal Inovação Social, Tânia Santos «, docente da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria, e Pedro Antunes da Logframe.