Alexandre Panda e Ana Trocado Marques, in Jornal de Notícias
Uma criança de 13 anos, sem pais, nem documentos, foi encontrada, quarta-feira, pelos inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, que cercaram a zona industrial da Varziela, em Vila do Conde, conhecida como "Chinatown", numa operação destinada a fiscalizar identidades e detetar eventuais ilícitos.
Em 29 estabelecimentos, foram identificadas cerca de 140 pessoas, seis delas em situação ilegal e notificadas para abandonar o país. Houve também três cidadãos estrangeiros notificados para se apresentarem no SEF e quatro processos de contraordenação levantados contra empresários por empregarem estrangeiros em situação ilegal.
Pelo que o JN apurou, a criança foi localizada num dos estabelecimentos ficalizados. Não tinha nem documentos europeus, nem da China, onde estarão os pais. O menor disse que estava a viver em Portugal com uns tios. Mas como não havia maneira de comprovar a relação familiar, os inspetores do SEF pediram a intervenção da Comissão de Proteção de Menores de Vila do Conde, que já tomou conta do caso.
A operação começou cerca das 11 horas. "Chegou uma carrinha, estacionou, os agentes saíram e foram direitinhos a um armazém. Uma chinesa ainda saiu em passo apressado ao ver a carrinha, mas os agentes foram ter com ela, imobilizaram-na e pediram-lhe logo os documentos", contou ao JN uma testemunha, que, na Varziela, assistiu às primeiras movimentações do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras). Minutos depois, "já era só chineses ao telemóvel", descreveu ainda, sorrindo.
Cirurgicamente, como quem sabe exatamente aonde vai, os inspetores, divididos em pelo menos duas equipas, foram passando a pente fino duas dezenas dos mais de 200 armazéns, quase todos pertença de cidadãos chineses, existentes naquela zona industrial vila-condense.