Eunice Lourenço, in RR
Primeira visita oficial a Portugal como secretário de Estado das Nações Unidas também inclui conversas com Governo sobre Venezuela e Síria.
É primeira visita oficial de António Guterres a Portugal como secretário-geral das Nações Unidas. O antigo primeiro-ministro vem a Lisboa participar numa conferência sobre desenvolvimento, organizada no âmbito da organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), e ainda esta segunda-feira terá um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, para falar de vários problemas mundiais, como as situações políticas e humanitárias na Síria e na Venezuela.
Guterres e Santos Silva começam, alias, o dia junto na sessão inaugural da Conferência Tidewater. Trata-se da 49ª reunião encontro internacional que todos os anos reúne, de forma informal, ministros do Desenvolvimento de países da OCDE. O objectivo é promover uma reflexão estratégia sobre cooperação para o desenvolvimento.
A reunião deste ano é organizada pela secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro, e pela presidente do Comité de Ajuda ao Desenvolvimento (CAD) da OCDE, Charlotte Petri Gornitzka, e tem representantes de 34 países.
Além de Guterres, que será a estrela da sessão inaugural, participam o secretário-geral da OCDE, Angel Gurria, representantes do Banco Mundial, do Banco Europeu para o desenvolvimento e do banco africano. A sessão inaugural é o único momento aberto à imprensa e a convidados. Todo o resto do encontro, que continua na terça-feira, decorre à porta fechada e não terá conclusões formais.
No centro do debate vão estar a concretização dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (também conhecidos por Agenda 2030) e também a forma de melhor responder e prevenir crises humanitárias. Os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável são a nova agenda das Nações Unidas depois dos Objectivos do Milénio.
Trata-se de um plano de acção adoptado em 2015 e que pretende ser centrado nas pessoas, no planeta, na paz e nas parcerias e que tem como objectivo último a erradicação da pobreza e o desenvolvimento sustentável.
O plano assenta em 17 objectivos de desenvolvimento sustentável: erradicar a pobreza, erradicar a fome, saúde de qualidade, educação de qualidade, igualdade de género, água potável e saneamento, energias renováveis e acessíveis, trabalho digno e crescimento económico, industria inovação e infra-estruturas, cidades e comunidades sustentáveis, produção e consumo sustentáveis, acção climática, proteger a vida marinha, proteger a vida terrestre, paz, justiça e instituições eficazes e estabelecimento de parcerias para a implementação dos objectivos.
Em relação a este último ponto, a grande alteração da chamada agenda 2030 é procurar funcionar mais através de parcerias – quer entre organizações e Estado, quer entre público e privado – do que através de ajudas directas dos Estados. Guterres elegeu o desenvolvimento sustentável como uma das três prioridades do seu mandato (as outras duas são a paz e a reorganização interna da ONU) e, por isso mesmo, fez questão de estar neste encontro de Lisboa.
Depois da abertura da conferência Tidewater, António Guterres e Santos Silva têm um encontro no ministério dos Negócios Estrangeiros em que vão conversar sobre assuntos que vão estar na agenda da próxima Assembleia Geral das Nações Unidas, como a própria reforma da ONU. Mas a crise do Golfo e as situações da Venezuela, Síria e Líbia também devem ser abordadas.