30.11.18

"É a febre das cativações." Alunos mais pobres só estão a receber metade da bolsa

in TSF

Os alunos do ensino secundário com bolsas de mérito só vão levar para casa metade do valor a que têm direito neste 1.º Período do ano escolar. A Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares afirma que o montante em falta só será atribuído no próximo ano.

Os alunos do ensino secundário com direito a ação social escolar, que no último ano letivo tiveram uma média de, pelo menos, 14 valores, deveriam receber cerca de 430 euros, no 1.º Período, como parte de uma bolsa de mérito. No entanto, este ano, a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares ordenou que seja transferida apenas metade desta primeira tranche.
Os alunos vão levar para casa pouco mais de 200 euros, ou seja, metade do valor previsto para esta fase do ano e 20% de uma bolsa anual no total de 1000 euros. Uma decisão do Governo que apanhou de surpresa os diretores de escolas.

A jornalista Sara de Melo Rocha dá conta da situação dos cortes nas bolsas de mérito dos estudantes

A história, contada pelo Diário de Notícias , refere que os diretores não receberam qualquer justificação para esta decisão, que garantem ser inédita.
A Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas acredita que o Governo está a cativar valores até ao final do ano, como forma de gestão financeira.
"Isto é a febre das cativações", afirmou Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, em declarações à TSF. "A educação é cativante, mas não merecia tanta cativação", ironizou.

Filinto Lima lembra que os estudantes em causa "tiveram mérito, pelas notas do ano passado" e "são alunos que têm ação social escolar, portanto, [estão] economicamente débeis". "Há uma cativação que ilude aqueles alunos e aqueles pais que estavam à espera deste dinheiro para investir na educação dos seus filhos", contesta.

A Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas critica a política de cativações nas escolas
Já a Confederação Nacional das Associações de Pais lamenta o corte, afirmando que se trata de um apoio muito útil às famílias, e pondera contestar a decisão.

Contactado pela TSF, o Ministério da Educação declarou que o valor das bolsas "é, e tem sido sempre, pago em tranches", mas não apresentou razões para o corte de 50% na primeira tranche a ser entregue aos alunos.
As bolsas de mérito chegam a cerca de 18 mil estudantes e têm como objetivo reduzir o abandono escolar, a exclusão social e o insucesso escolar.