Lucília Tiago, in DN
Taxa de cobertura afundou até 2014 e tem dado sinais de recuperação, mas muitas das pessoas que não têm trabalho continuam sem receber qualquer prestação de apoio.
O número de desempregados inscritos nos centros de emprego do IEFP está a baixar há cinco anos, mas mesmo assim ainda há 168 mil pessoas sem trabalho que não recebem subsídio. Ontem, o Instituto do Emprego e Formação Profissional revelou que, em outubro, estavam inscritos nos centros de emprego 334 241 desempregados, menos 17,4% do que há um ano, mas a Segurança Social, no mesmo mês, só pagou subsídio de desemprego a
165 827 pessoas. Ou seja, 50,4% dos desempregados não recebem qualquer apoio social.
Nuno Costa, 40 anos, está entre os milhares que contribuíram para a redução do número de desempregados sem ter chegado a sentir na pele os efeitos da ausência de cobertura das prestações de apoio ao desemprego. Foi despedido em maio de 2016 e, depois de uma disputa judicial com a entidade empregadora, começou a receber o subsídio em agosto desse ano. Em março de 2018, quando estava a chegar ao último mês do apoio, conseguiu encontrar um trabalho - ficou com a vaga deixada por uma pessoa que mudou de emprego. O seu caso mostra que é hoje mais fácil passar de uma situação para outra, mas são ainda milhares os que permanecem sem trabalho depois de o subsídio se esgotar.
A comparação do número de desempregados contabilizados pelo IEFP ao longo do mês de outubro dos últimos dez anos com os desempregados com e sem subsídio mostra que nem foi nos tempos em que o desemprego mais subiu que a taxa de cobertura do subsídio foi menor. O "pico" dos desempregados ocorreu em 2012 e 2013 (dois dos anos em que a economia mais afundou), mas foi em outubro de 2016 que se registou o valor mais alto de desempregados sem qualquer apoio social.