in Esquerda.net
Cerca de 70% das famílias portuguesas afirmam sentir dificuldades para fazer face às despesas correntes, e 7% afirmam viver em pobreza, revela barómetro da Deco Proteste. Apenas 23% consideram a sua situação financeira confortável.
Dificuldades em pagar contas e despesas correntes, lazer e cultura são um luxo, viagens uma miragem — eis o retrato dominante de como as famílias portuguesas veem a sua situação financeira. Mais de 70% sentem dificuldades para pagar as despesas todos os meses, metade diz só ter dinheiro para despesas correntes, 7% diz viver em situação de pobreza.
São dados do primeiro Barómetro Deco Proteste, que pretende avaliar o nível de vida das famílias com base na facilidade que sentem para fazer face a despesas em saúde, habitação, educação, alimentação, mobilidade e tempos livres. As respostas recolhidas junto de aproximadamente 2 mil famílias, foram tratadas estatisticamente para dar um retrato do que será o panorama nacional.
Desagregando por item, habitação e saúde são despesas particularmente sentidas pelas famílias. Quase metade das famílias (46%) afirmam ter dificuldades para pagar todas as despesas de habitação. Destes, cerca de metade (55%) identifica as despesas de manutenção como problemáticas, enquanto outra metade (50%) aponta as contas de luz, água e gás. A saúde também é apontada como despesa problemática por cerca de metade dos inquiridos (45%).
A alimentação e a educação são os pontos de preocupação seguintes, afetando cada uma cerca de um terço das famílias. Destes, quase metade afirma não conseguir comprar as quantidades de carne e peixe que gostaria, os primeiros itens a cortar na lista de compras quando dinheiro aperta. Na educação, as famílias apontam o ensino superior como a despesa que mais desequilibra as contas — este ano as propinas vão baixar em cerca de um quarto, mas a proposta do Bloco para a sua abolição progressiva foi rejeitada pelo PS e toda a direita.
Os transportes públicos constituem uma preocupação para 25% dos inquiridos — mas o automóvel, por outro lado, sofre restrições para 47% delas, quase tanto como para a habitação ou saúde.
Onde cortam as famílias quando o dinheiro aperta? Primeiro que tudo, nas idas ao dentista, na compra de óculos, e no consumo carne e peixe, itens mais referidos na lista de sacrifícios em situação de aperto.
Perante esta panorama, não é de espantar que os tempos livres e de lazer sejam o parente pobre nos orçamentos. Metade das famílias (47%) consideram a cultura um "luxo" difícil de sustentar, cerca de dois terços consideram férias fora de casa, e também fins-de-semana, uma miragem.