27.3.19

Reformado apanha 4 autocarros para ir a marcha contra racismo na Nova Zelândia

por Carolina R. Rodrigues, in Oceânia

O neozelandês de 95 anos, que combateu na Segunda Guerra Mundial, visitou duas mesquitas e participou na marcha contra o racismo realizada em Auckland.

Um pensionista de 95 anos apanhou quatro autocarros para poder juntar-se aos manifestantes de uma marcha contra o racismo e islamofobia em Auckland, na Nova Zelândia.

John Sato, veterano da Segunda Guerra Mundial, explicou ao Radio New Zeland que não conseguiu dormir bem desde o tiroteio em Christchurch, no qual morreram 50 pessoas a 15 de março. Por isso, decidiu começar a visitar mesquitas no país para demonstrar o seu apoio.

"Passei uma grande parte da noite acordado e não tenho dormido muito bem desde então. Pensei que era muito triste: consegue-se sentir o sofrimento das outras pessoas", confessou o neozelandês. "Penso que é uma tragédia, mas mesmo assim tem outro lado. Aproximou as pessoas umas das outras. Não importa a sua nacionalidade ou nada. As pessoas aperceberam que somos só um e que queremos saber uns dos outros", disse.
Pouco depois do ataque, Sato visitou uma mesquita perto da sua casa em Hardwicke para homenagear as vítimas e dar apoio. No fim de semana seguinte apanhou um autocarro para outra mesquita em Pakurange, onde decidiu que queria participar na marcha em Auckland contra o racismo. Para chegar lá, teve de viajar em vários autocarros.

À estação de rádio, contou que um polícia "bondoso" ajudou-o no evento, dando-lhe uma garrafa de água. O agente também o levou a casa depois da marcha.

No dia 15 de março, 41 pessoas foram assassinadas na mesquita Al Noor, sete na de Linwood e duas morreram no hospital na sequência dos seus ferimentos, depois de Brenton Tarrant, um australiano nacionalista, ter disparado contra os fiéis que estavam em oração nos locais religiosos.

Além de ter divulgado um manifesto com 74 páginas contra a imigração, o atirador ainda filmou e transmitiu em direto no Facebook o momento do ataque.