Rita Paz, in Económico
A conclusão é do primeiro Barómetro Deco Proteste.
Mais de três quartos das famílias portuguesas têm dificuldades em pagar as contas. E deste total, 7% vivem mesmo em situação de pobreza. Apenas 23% dos agregados familiares nacionais vivem desafogados e têm qualidade de vida.
Lá fora, a percentagem de agregados com dificuldades também é elevada – 61%, na Bélgica e 75%, em Itália e Espanha – mas Portugal é o país que fica pior na fotografia.
A conclusão é do primeiro Barómetro Deco Proteste, que avaliou o nível de vida das famílias portuguesas com base na facilidade que estas têm (ou não) em fazer face a seis grandes conjuntos de despesas: habitação, saúde, alimentação, educação, mobilidade e tempos livres.
A partir do retrato feito pelas famílias sobre a sua capacidade para fazerem face a este conjunto de despesas, a Deco Proteste criou um índice que reflete o grau de sustentabilidade financeira. Esta foi aferida ao nível nacional e regional, de acordo com três níveis: pobreza, dificuldades económicas e conforto.
O índice varia entre 0 e 100 e é tanto mais elevado quanto maior o conforto dos agregados. Os 51,8 marcaram a fronteira entre o conforto e as dificuldades económicas. Já um valor abaixo de 29,7 indica que a população se encontra em situação de pobreza. O Barómetro da Deco Proteste atribui um índice de 44,5 a Portugal, um valor que situa a esmagadora maioria das famílias no terreno das “dificuldades financeiras”.
De região para região, o panorama não difere muito do da média nacional. Ainda assim, Lisboa revela o maior fosso entre ricos e pobres: apesar de 25% das famílias viverem com conforto, número superior aos 23% nacionais, a pobreza atinge 10% dos agregados, em comparação com os 7% nacionais.
Algarve
Dificuldades financeiras – 75%
Conforto – 23%
Pobres – 2%
Alentejo
Dificuldades financeiras – 69%
Conforto – 22%
Pobres – 9%
Centro
Dificuldades financeiras – 73%
Conforto – 24%
Pobres – 3%
Lisboa
Dificuldades financeiras – 65%
Conforto – 25%
Pobres – 10%
Norte
Dificuldades financeiras – 70%
Conforto – 22%
Pobres – 8%
Os resultados do inquérito que suportou este primeiro barómetro Deco Proteste indicam que as perspetivas para 2019 não são mais animadoras, com metade dos inquiridos a acreditarem que continuarão a ‘contar tostões’ e 25% a anteciparem que se avizinha um ano mais difícil.
De acordo com Rita Rodrigues, responsável da Deco que apresentou o estudo,”as conclusões são preocupantes. Há, sobretudo, uma classe média que empobreceu no período da troika e que não conseguiu recuperar. As dificuldades dos portugueses, surpreendentemente, avolumaram-se. O nosso Barómetro mostra-nos um Portugal de contrastes: o País melhora nos indicadores económicos, mas as famílias enfrentam muitos constrangimentos na gestão diária. No limite, acabam por ter de fazer as escolhas possíveis e não as necessárias. O estudo revela ainda que as perspetivas para o futuro também não são animadoras”.