in TSF
Eugénio Fonseca ressalvou que Portugal "está melhor do que em 2010 e em 2014", que o emprego cresceu, mas destacou que é preciso perceber qual a sua natureza, se é "estável ou precário".
"É vergonhoso o que está a acontecer com a habitação", lamenta Eugénio Fonseca© João Girão/Global Imagens
O presidente da Caritas Portugal avisou esta quarta-feira que a crise no país ainda é uma realidade, criticou o crescimento dos impostos indiretos e classificou de vergonhoso os preços praticados na habitação a nível nacional.
"A crise não é passado", sublinhou Eugénio Fonseca, à margem de uma visita a Macau, no âmbito do reforço das relações com a Caritas local. O responsável disse que "é vergonhoso o que está a acontecer com a habitação", lamentando os altos preços praticados no mercado imobiliário, "não só no Grande Porto e na Grande Lisboa", que "estão a atirar as pessoas para as periferias".
Eugénio Fonseca ressalvou que Portugal "está melhor do que em 2010 e em 2014", que o emprego cresceu, mas destacou que é preciso perceber qual a sua natureza, se é "estável ou precário". Contudo, lamentou os dados de novembro do Instituto Nacional de Estatística (INE) que demonstram que "há gente que é pobre apesar de trabalhar, de ter um emprego". Por outro lado, "há um crescimento dos impostos indiretos" com impacto no rendimento das famílias, dificultando a resposta dos agregados em situações imprevistas e de emergência, sustentou.
As declarações de Eugénio Fonseca foram feitas após um encontro no Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, acompanhado pelo responsável pela Caritas de Macau, Paul Pun.
A visita que termina esta sexta-feira serve para reativar a colaboração com a congénere de Macau, com a qual a Caritas Portugal vai desenvolver projetos conjuntos em países como São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné-Bissau, no âmbito da qualificação de quadros qualificados.
"Vamos contar com o apoio da Caritas de Macau para projetos internos, nomeadamente no apoio a desempregados", indicou Eugénio Fonseca à Lusa no início de dezembro, referindo-se a iniciativas previstas para Portugal. A Caritas de Macau está também disposta a financiar projetos para ensino do mandarim, seja para chegar a novos alunos ou para ajudar os que têm dificuldades, acrescentou.