13.8.20

Guterres alerta que pandemia ameaça ganhar luta contra pobreza e paz

por Notícias ao Minuto

O diplomata português realçou ainda que a pandemia causada pelo novo coronavírus pode também gerar novos conflitos no mundo, noticia a agência AP.

O responsável da ONU destacou durante uma reunião do Conselho de Segurança que o seu pedido em 23 de março para um cessar-fogo imediato nos conflitos existentes em todo o mundo para o combate à pandemia levou à diminuição da escalada ou o fim de diversos conflitos.

António Guterres acrescentou, no entanto, que "lamentavelmente em muitos casos a pandemia não moveu os beligerantes a suspender hostilidades ou a acordarem um cessar-fogo permanente".

O antigo secretário-geral da ONU Ban Ki-moon destacou ao Conselho de Segurança que é surpreendente que o mundo tenha confinado milhões de pessoas, fechado fronteiras, suspenso os mercados, mas tenha falhado em acabar com os conflitos.

Ban Ki-moon criticou ainda este órgão por ter desperdiçado meses valiosos em "discussões sobre os detalhes do texto" e não ter adotado a resolução antes de 01 de julho a exigir "um imediato cessar das hostilidades" em importantes conflitos como na Síria, Iémen, Líbia, Sudão do Sul ou Congo.

"Isto enfraqueceu a mensagem que este Conselho precisa de enviar a todos os envolvidos, que agora é tempo de enfrentar o inimigo comum", destacou.

António Guterres realçou que a pandemia levantou questões pertinentes sobre a efetividade dos sistemas de saúde, serviços sociais e na confiança nas instituições e sistemas governativos.

"Tudo isto significa que o nosso compromisso para uma paz duradoura é mais urgente do que nunca", frisou.

O antigo primeiro-ministro português alertou ainda para três perigos: o desgaste da confiança da população, a destabilização da ordem económica global e o enfraquecimento do "tecido social".

António Guterres advertiu igualmente que "sem uma ação concertada, a desigualdade, pobreza global e o potencial para a instabilidade e a violência podem aumentar durante anos".

Apesar da existência de protestos pacíficos, o diplomata referiu que, "em vários países, a covid-19 tem sido uma desculpa para o aumento de repressões por parte dos estados".

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 743 mil mortos e infetou mais de 20,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (164.545) e também com mais casos de infeção confirmados (mais de 5,1 milhões).

Seguem-se Brasil (104.201 mortos, mais de 3,1 milhões de casos), México (53.929, mais de 492 mil infetados), Reino Unido (46.706 mortos, mais de 313 mil casos) e Índia (46.091 mortos e mais de 2,3 milhões de infetados).