6.8.20

"Pandemia desnudou o tanto que nos falta fazer para combater as desigualdades", escrevem bispos portugueses

in RR

Mensagem parte do texto que o Papa Francisco escreveu para o 106.º Dia Mundial do Migrante e Refugiado (27 de setembro), este ano centrado nas “migrações forçadas".

A Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana (CEPSMH), da Igreja Católica em Portugal, publicou uma mensagem em que destaca a necessidade de solidariedade, num momento marcado pela pandemia, que agrava a situação dos migrantes e refugiados.

“A pandemia desnudou o tanto que nos falta fazer para combater as desigualdades, mas sobretudo revelou a capacidade humana de convergir em sociedade, apesar das nossas diferenças. Enquanto Igreja a nossa fé e a nossa esperança recaem sobre o potencial de humanização que nos habita”, refere o texto, enviado esta terça-feira à agência Ecclesia.

A Mensagem da CEPSMH e da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) tem como título ‘Entre a incerteza e a esperança há uma ponte em construção’.

A Igreja Católica em Portugal vai promover de 9 a 16 de agosto a Semana Nacional de Migrações, inspirada pela mensagem do Papa Francisco, ‘Forçados, como Jesus Cristo a Fugir’, procurando apresentar “testemunhos de vida” sobre a realidade das deslocações forçadas, por causa da pobreza ou da guerra.

Durante esta semana decorre ainda a Peregrinação Nacional do Migrante e Refugiado a Fátima, nos dias 12 e 13 de agosto.

A iniciativa, que nasceu há 48 anos, visa “sensibilizar a Igreja, as instituições estatais e a sociedade civil, para os dramas e inquietações” das pessoas em mobilidade.

A CEPSMH e a OCPM vão promover um recolha de testemunhos – vídeos, cartas, depoimentos áudio, fotos – através do endereço eletrónico ocpm@ecclesia.pt, para divulgação nas redes sociais.

"O objetivo é contribuir para que se conheça e compreenda, a fim de não termos medo de nos aproximar e servir, aprendermos a escutar para reconciliar, a fim de juntos partilharmos para crescer, coenvolver migrantes, refugiados autóctones, para promover comunidades mais inclusivas, estimular a colaboração interinstitucional para construir uma sociedade mais coesa, justa e fraterna, com um lugar para todos.”

A mensagem parte do texto que o Papa Francisco escreveu para o 106.º Dia Mundial do Migrante e Refugiado (27 de setembro), que se centra este ano nas “migrações forçadas, as suas causas, os deslocados internos e a cooperação internacional”.

“Queremos muito ir para além do enfoque sobre os deslocados internos, esta é uma oportunidade para ir às periferias sociais e existenciais, e concretizar o que nos permite ser uma sociedade mais capaz de Acolher, Proteger, Promover e Incluir migrantes e refugiados”, aponta a CEPSMH.

Os bispos portugueses recordam, a este respeito, a situação em Cabo Delgado, norte de Moçambique, onde a violência formou “mais de 200 mil pessoas a sair das suas casas”.

“Escutamos os apelos incessantes, da Diocese de Pemba que os acolhe, à solidariedade Internacional e à rápida intervenção das instâncias políticas que tem o poder de travar, o massacre”, alertam os responsáveis católicos.