25.4.11

140 mil empregos estão em risco

por Ilídia Pinto, in Diário de Notícias

É a derrocada: só este ano já fecharam 152 empresas. E, sem medidas de dinamização, muitas mais vão fechar as portas.

São 140 mil os postos de trabalho em risco na construção e no imobiliário até ao final do ano. Quem o garante é o presidente da CPCI - Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, Reis Campos, que pede medidas para estimular a actividade do sector que, desde 2002, regista uma quebra acumulada da produção de 36%.

Reis Campos lembra que Portugal perdeu 5630 empresas de construção e imobiliário desde 2008, sendo que só nos primeiros meses de 2011 já encerraram 152. O caso mais recente é o da Novopca, empresa de construção civil sediada no Porto e com 400 trabalhadores, que se viu obrigada a apresentar o pedido de insolvência em tribunal.

A falta de obras e as dificuldades de tesouraria decorrentes das "restrições ao crédito, das exigências excessivas de garantias por parte da banca e dos atrasos nos pagamentos por parte da administração pública" levaram o sector a perder, nos últimos nove anos, 201 mil postos de trabalho. Só nos últimos três anos, garante Reis Campos, a construção e o imobiliário contribuíram para o desemprego de 131 mil pessoas.

E se a falta de obras públicas é enorme - uma quebra de 39% em valor e de 37% em número de adjudicações em 2010 -, é na construção de habitação que os números se revelam dramáticos: "Passámos de 114 a 118 mil fogos anuais no princípio da década para 23 700 fogos em 2010", adianta.

Reis Campos alerta para os efeitos nefastos do Código dos Contratos Públicos ser "inadequado à realidade do sector", já que "promove a falta de transparência ao permitir os ajustes directos e preços anormalmente baixos", diz. A questão, explica, é que o código "não foi feito para uma época como a que vivemos, de enorme escassez de obras e de uma concorrência feroz que leva as empresas a apresentarem-se a concurso com preços excessivamente baixos".

A readaptação e execução das verbas do QREN, a dinamização da reabilitação urbana, apoios à internacionalização e a promoção de projectos de proximidade são os quatro eixos de medidas que o sector reclama como essenciais. Obras como a remodelação do parque da justiça e da saúde, projectos ligados à água e energia e a manutenção preventiva de pontes e estradas "podem dinamizar a economia e o emprego".