in Diário Económico
As famílias estão a consumir menos produtos alimentares, mostra a estatística ontem publicada pelo INE. E enquanto o consumo de alimentos vai diminuindo, o consumo de marcas próprias dos hiper e supermercados vai aumentando.
Alexandre Soares dos Santos revelou recentemente que 1500 dos funcionários do Grupo Jerónimo Martins têm os salários penhorados por dívidas e alguns até roubam nas lojas Pingo Doce para matar a fome. A fome é um flagelo que atinge algumas centenas de milhares de portugueses. Só o Banco Alimentar diz que tem apoiado cerca de 280 mil pessoas e há quem fale em mais de 300 mil. Mas com a situação económica do País, o aumento do desemprego, o aumento das taxas de juro, dos preços dos combustíveis e dos produtos em geral, com a consequente diminuição do rendimento disponível das famílias, aliada ao aumento do preço dos alimentos nos mercados internacionais, vai ter cada vez mais reflexo no número de pessoas com menos disponibilidades para comprar alimentos. Não se trata de uma preocupação apenas portuguesa, porque o presidente do Banco Mundial disse, recentemente, que um aumento de 10% no preço dos alimentos pode empurrar mais de 10 milhões de pessoas para a pobreza extrema. Pobreza que, segundo os últimos dados conhecidos, atinge quase dois milhões de portugueses. Mas que tem vindo a ganhar força com a crise e o desenvolvimento do fenómeno dos novos pobres, ou seja aqueles que, tendo emprego, deixam de ser capazes de fazer face às despesas do dia-a-dia. Portugal é, nesta matéria, um dos quatro países da União Europeia com maior risco, os outros são a Roménia, a Grécia e a Polónia. É, por isso, necessário que os acordos para a ajuda externa salvaguardem, pelo menos, os pobres e aqueles que estão em risco de o vir a ser.