in RTP
O combate à fome em países pobres poderá não atingir os níveis definidos na mudança do milénio, admite o novo diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Em 2000, ficou definida a redução para metade do número das pessoas com fome, para 400 milhões de pessoas, em todo o mundo, entre 1990 e 2015.
"Muitos países pobres não atingirão os objetivos, sobretudo os pequenos países pobres, onde frequentemente as necessidades de intervenção (noutros domínios) são numerosas", afirmou José Graziano da Silva, citado pela France-Press, numa das entrevistas que se seguiram à eleição, a 26 de junho, para a presidência da FAO, a partir de 2012.
A incerteza em relação ao preço dos alimentos e as políticas adotadas em relação à crise económica são os principais fatores que ameaçam a concretização dos objetivos do Milénio.
O ex-ministro brasileiro derrotou Miguel Angel Moratinos ao conseguir 92 votos, contra 88 do espanhol. Graziano, que liderou o programa “Fome Zero” com impacto em 24 milhões de pessoas, será o primeiro responsável latino-americano a ser titular deste cargo e substituirá o senegalês Jacques Diouf.
Prémio Jacques Diouf
A FAO criou o “Prémio Jacques Diouf para a segurança alimentar”, como forma de homenagear o anterior diretor, em funções durante três mandatos.
O prémio, no valor de 25 mil dólares, será atribuído de dois em dois anos, para distinguir pessoas ou instituições com ação significativa na melhoria da segurança alimentar mundial.A organização aumentou o orçamento do seu programa de atividades em 1,4 por cento, para 1.0056 mil milhões de dólares, para o biénio 2012-13. A FAO espera ainda receber mais 1,4 mil milhões de euros em contribuições voluntárias dos 192 Estados-membros e parceiros. Jacques Diouf considera que este contributo extra-orçamental representa a vontade e confiança dos Estados-membros no programa.
Uma das missões de Graziano será aumentar a produtividade e reduzir as despesas adicionais em 34,5 mil milhões em comparação com despesas já programadas.
Papa critica políticas exclusivamente de emergência
Bento XVI defendeu a adoção de medidas concretas para combater a fome no mundo com uma política baseada na solidariedade. "A alimentação é uma condição que aborda o fundamento do direito à vida", sublinhou o representante máximo da Igreja Católica, no Vaticano, dirigindo-se aos representantes da FAO.
Bento XVI sublinha que o desenvolvimento das economias deve ser baseado na solidariedade e não no lucro. Notando que a pobreza e o subdesenvolvimento resultam de atitudes "egoístas" que partem dos homens, o Papa pede uma “reflexão completa sobre as causas” da pobreza.
O Papa também criticou as políticas meramente de emergência. "Apesar dos compromissos e obrigações consistentes, a assistência e o apoio prático são muitas vezes limitados a situações de emergência, esquecendo que uma conceção coerente de desenvolvimento deve ser capaz de projetar um futuro para todos, família e comunidade, e também por um longo período", defendeu Bento XVI.