por Jornal de Negócios com Lusa
A Comissão Europeia afirma que criação de emprego em Portugal deverá abrandar, alertando para o risco de a taxa de desemprego poder estabilizar em níveis muito elevados. E assinala que os cortes nos apoios sociais afectaram "desproporcionalmente" os mais pobres.
A Comissão Europeia afirmou hoje que o sistema de protecção social português "não foi capaz de lidar" com o aumento da pobreza nos últimos anos, salientando que os cortes nos apoios sociais afectaram "desproporcionalmente" os mais pobres.
"O impacto das transferências sociais (excluindo as pensões) na redução da pobreza diminuiu de 29,2% em 2012 para 26,7% em 2013, o que sugere que o sistema de protecção social não foi capaz de lidar com o aumento repentino do desemprego e com o consequente aumento da pobreza", critica Bruxelas.
No relatório sobre Portugal no qual é dado seguimento ao mecanismo de alerta de desequilíbrios macroeconómicos no âmbito do Semestre Europeu, hoje divulgado, a Comissão Europeia sublinha que algumas das medidas tomadas recentemente pelo Governo "tiveram um impacto negativo no rendimento disponível", como o corte nos apoios sociais, afectando "desproporcionalmente os mais pobres".
Desemprego vai estabilizar em níveis altos
No mesmo relatório, a Comissão Europeia afirma que criação de emprego em Portugal deverá abrandar, alertando para o risco de a taxa de desemprego poder estabilizar em níveis muito elevados.
Os técnicos europeus referem que, apesar de a situação do mercado laboral ter melhorado desde a primavera de 2013, "o declínio no desemprego chegou a um ponto de paragem e a taxa de desemprego estabilizou desde Outubro de 2014, com a redução do emprego".
Bruxelas aponta que, durante o último ano, o desemprego caiu mais depressa do que a economia cresceu, destacando mesmo que "a queda da taxa de desemprego foi muito mais pronunciada do que o que seria de esperar tendo em conta a relação histórica entre o desemprego e o PIB [Produto Interno Bruto]".
Por isso, a Comissão Europeia alerta que, "olhando para a frente, a criação de emprego deverá abrandar e o crescimento do emprego deverá tornar-se mais alinhado com o crescimento do PIB".