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A maioria dos idosos inquiridos num estudo consideram que têm boa qualidade de vida, mas muitos manifestam menos satisfação no acesso à saúde e apontam a falta de atividades sociais para prevenir o isolamento.
O estudo nacional "Fatores psicossociais e profissionais promotores de qualidade de vida no processo de reforma e envelhecimento ativo" envolveu 1.330 participantes (entre os 55 e os 75 anos), a maioria residente na Grande Lisboa, mulheres e pessoas casadas.
Um quarto dos inquiridos é licenciado, cerca de um quinto tem o 1º ciclo, 20% têm o 12.º ano e cerca de metade tem atividade profissional, refere o estudo, que é apresentado na quarta-feira, no II Congresso Nacional de Psicogerontologia, em Lisboa.
A investigação analisou a relação entre variáveis de saúde, qualidade de vida, pessoais (sentido da vida, espiritualidade e estilo cognitivo), sociais (suporte social e fatores psicossociais do trabalho) e os fatores sociodemográficos.
A coordenadora do estudo e diretora do Instituto de Psicologia e Ciências da Educação, Tânia Gaspar, disse à agência Lusa que “o estudo permite, na amostra estudada, caracterizar a qualidade de vida, os fatores que a influenciam e como e em que medida o fazem”.
Em termos sociodemográficos, o estudo verificou que são os participantes com curso superior, casados, com casa própria, sem doença crónica e que estão reformados mas têm uma atividade profissional que revelam uma melhor qualidade de vida.
Neste leque encontram-se também os participantes com os fatores relacionados com a saúde mais positivos, nomeadamente a nível físico, psicológico, social e ambiental.
Segundo o estudo, a maioria dos inquiridos reflete "valores satisfatórios" em todas as variáveis estudadas: 56,9% afirma estar satisfeitos com a sua saúde, 57,5% com a sua qualidade de vida, 64,1% não estão “nem satisfeitos, nem insatisfeitos” com o suporte social, 66,1% estão “moderadamente” satisfeitos com os fatores psicossociais do trabalho e 63,7% estão satisfeitos com o “sentido da vida”.
Alguns participantes, contudo, encontram-se insatisfeitos em relação a estes aspetos da sua vida, nomeadamente as mulheres com mais de 61 anos, os doentes crónicos, os reformados sem atividade profissional e com baixa escolaridade.
Estes dados alertam para “possíveis populações de maior risco e com necessidades específicas de intervenção”, em que há “fatores protetores que devem ser otimizados e mantidos”, como a família, disse Tânia Gapar.
A espiritualidade surge como uma forma de lidar com momentos mais difíceis, principalmente para as mulheres, os doentes crónicos e para os reformados sem atividade profissional.
Os reformados com atividade profissional são os participantes que revelam melhores indicadores de satisfação, o que revela que “é fundamental, após a reforma, que as pessoas mantenham uma atividade que lhes permita manterem um papel ativo na sociedade”.
O estudo identificou também uma “menor satisfação” dos participantes com as respostas no acesso à saúde e atividades sociais, defendendo “um maior e melhor acesso à saúde” e a criação de estruturas promotoras de atividades sociais “com qualidade” que previnam o isolamento.
“A intervenção na promoção e qualidade de vida no processo de reforma e envelhecimento ativo” deve envolver “as pessoas, as suas famílias, a comunidade e também o poder politico”.