in RTP
Alfredo Bruto da Costa diz que combater o conformismo e reduzir desigualdades em Portugal vai ser muito difícil.
Alfredo Bruto da Costa, sociólogo, professor de direito e conselheiro de Estado, antigo presidente do Conselho Económico e Social, com larga experiência em investigação sobre a pobreza em Portugal, diz que combater o conformismo e reduzir desigualdades em Portugal vai ser muito difícil, porque a "própria sociedade considera a desigualdade aceitável".
E em Portugal confunde-se Politica Social com política de assistência, considera Bruto da Costa. O sociólogo dá exemplos e explica que a Politica Social tem por objectivo satisfazer necessidades básicas humanas. Em Portugal faz-se política de assistência que deveria ser transitória mas acaba por ser "regra, e duradoura".
Bruto da Costa, que é conselheiro de estado indicado pela Assembleia da República, mas que ainda não pode estar em nenhuma reunião daquele órgão, diz que gostaria que o Presidente da República tivesse um papel mais ativo, dentro da magistratura de influência, no sentido de trazer mais valores para as políticas públicas. "Porque há mais sobre o que pensar para além dos números".
Sobre a situação económica do país, Bruto da Costa acha que "o pior já passou", mas o que se está a passar na Grécia vai ser determinante para podermos ter um ponto de comparação. É preciso olhar para os efeitos da nova liderança grega. E, diz o sociólogo, pode ser que agora "o limite da paciência e do conformismo" em Portugal possa ser atingido.
Bruto da Costa considera que o atual governo "não tem personalidade política própria absolutamente nenhuma relativamente à política da austeridade". E considera que António Costa deixa passar através do discurso "que admite que se possa tomar uma posição de personalidade coletiva de um país perante a Europa".