10.3.15

Quando o agressor decide matar e morrer depois dos 65

por Rute Coelho, in Diário de Notícias

Dos sete homicídios conjugais desde o início do ano, cinco foram de homens que mataram as mulheres e se suicidaram.

O último domingo de sol radioso não apagou a nuvem negra que ensombrou a mente de António Louro, de 78 anos. O idoso, residente em Coimbra, em depressão há muito tempo, pegou na caçadeira e matou a mulher com um tiro nas costas. De seguida, usou a mesma arma para se suicidar. Maria Luísa, de 77 anos, foi a sétima mulher a ser morta em contexto de violência conjugal este ano. Com este, já são cinco os casos neste primeiro trimestre de homens que matam as mulheres e a seguir se suicidam, sendo que em quatro deles agressores e vítimas eram idosos com mais de 65 anos.

Dos quatro perfis de homicidas conjugais que a psicóloga Íris Almeida estudou para a sua tese de doutoramento - o dos homens que matam as mulheres e se suicidam a seguir - tem normalmente associados, como fatores de risco, "a depressão, associada ao consumo de álcool ou de medicamentos".

Quando entrevistou agressores que se tentaram suicidar, Íris Almeida fez uma descoberta: "tinham patologias mentais não diagnosticadas". A psicóloga recorda-se de um homem que disparou três tiros nele próprio. "Só depois de esse suspeito ter sido detido é que se verificou que sofria de depressão. A doença nunca lhe tinha sido diagnosticada".