21.10.15

Mais de 500 mil refugiados chegaram este ano à Grécia

In Jornal de Notícias


A barreira dos 500 mil refugiados foi esta semana atingida na Grécia, divulgou o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.

"A barreira foi atingida ontem [segunda-feira] com a chegada às ilhas do mar Egeu de cerca de 8 mil pessoas, elevando o número total de chegadas [ao território grego] para 502500", declarou a porta-voz da agência das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR), Melissa Fleming, em Genebra, Suíça.

Neste momento, segundo acrescentou, o número total de migrantes que chegaram este ano à Europa via mar Mediterrâneo já ultrapassou as 643 mil pessoas.

Perante as chegadas em massa ao território grego, muitos refugiados e migrantes "procuram desesperadamente prosseguir caminho o mais rápido possível, porque receiam que as fronteiras que pretendem passar sejam encerradas em breve", disse Melissa Fleming.

Esta terça-feira de manhã, mais de 27500 pessoas continuavam a aguardar nas ilhas gregas, para obter documentos necessários ou para prosseguir caminho até ao continente.

Para a porta-voz do ACNUR, um dos grandes desafios daquela agência humanitária é tentar convencer as pessoas que "existem outros locais onde serão bem recebidas, além da Alemanha, Áustria ou Suécia", os três países que são o destino preferencial de grande parte dos refugiados e dos migrantes.

Um alto responsável da polícia grega disse hoje que "as chegadas começaram a subir drasticamente, tendo sido registadas nas últimas 24 horas cerca de 8 mil chegadas, das quais 5 mil foram registadas na ilha de Lesbos".

"Na véspera, foram contabilizadas cerca de 10 mil chegadas, em parte devido ao clima ameno, que facilita as travessias, e a forte preocupação sentida entre os migrantes por causa do encerramento de fronteiras na Europa. Eles precipitam-se na esperança de conseguirem passar" as fronteiras, referiu o representante da polícia helénica.

"A situação é tensa no 'hotspot' [designação atribuída aos abrigos e centros de registo de migrantes] de Moria, em Lesbos, porque o afluxo prolonga o tempo de espera dos migrantes. Para normalizar a situação, as autoridades vão reabrir terça-feira um segundo centro de registo, em Kara Tepe, reservado aos sírios e que tinha sido encerrado para concentrar todos os procedimentos em Moria", acrescentou ainda o responsável.

Nas mesmas declarações em Genebra, a porta-voz do ACNUR recordou que os refugiados "não são migrantes", uma vez que são pessoas que foram obrigadas a fugir dos respetivos países, onde as suas vidas correm perigo, uma definição prevista no Direito Internacional.

"Os sírios, os iraquianos e os eritreus são incontestavelmente refugiados", frisou ainda Melissa Fleming, lamentando que os dois termos, migrantes e refugiados, sejam muitas vezes utilizados pela comunicação social como sinónimos, algo que não está correto.