Cristina Branco, in RR
Apenas um salário entra em casa de Maria dos Anjos, mãe de dois filhos adultos e avó de duas netas. O resto são biscates e, enquanto dura, o Rendimento Social de Inserção.
Para ela, o Estado da Nação, que se debate esta quinta-feira, no Parlamento, é complicado. Maria dos Anjos, 60 anos, empregada de limpeza. Suporta quase sozinha a família, de seis pessoas: dois filhos, uma nora – todos desempregados - e duas netas.
Vale-lhe, conta à Renascença, o emprego que mantém há vários anos numa empresa de limpezas. “É o meu salário e a pequena reforma de invalidez do meu filho mais novo, são 274 euros”. Como consegue suportar todas as despesas da família? “Com esforço e trabalhando muitas horas”, responde Maria dos Anjos. “Há contas que ficam atrasadas, se não consigo pagar este mês pago no mês que vem”.
Outra pequena ajuda é o Rendimento Social de Inserção (RSI) atribuído à nora, ao filho mais velho, de 42 anos, e duas netas, ambas menores.
“Ele está desempregado há oito anos, não tem bom feitio para ter patrão”, conta Maria dos Anjos. Depois de outros oito anos a trabalhar no sector hoteleiro, apenas vai conseguindo trabalho “nos barcos”, os que fazem percursos no Rio Douro entre o Porto e a Régua. “Quando há serviço, ele vai. Quando não há está em casa”.
Outro caso de desemprego na família: a nora. No enquadramento do RSI, está a terminar agora um de trabalho temporário de um ano e aguarda resposta ao pedido do subsídio de desemprego.
“Chamaram-na para umas horas numa escola. Como trabalhou o ano lectivo todo, tem direito ao desemprego”, explica Maria dos Anjos. Será o correspondente a duas horas de trabalho. “Não é muito, mas o pouco que possa vir já é bom”, desabafa.
RSI, subsídio de desemprego, alguns biscates, e sobretudo, o salário desta mãe e avó suportam esta família de seis pessoas, no Porto, realidade que se repete por milhares de famílias em todo o país.