Aura Miguel, enviada a Cracóvia, com Ecclesia, in RR
O Papa falou aos jornalista no avião, a caminho de Cracóvia, onde já aterrou.
O Papa Francisco disse esta quarta-feira que mundo vive uma “guerra”, mas rejeitou a ideia de que se trate de uma “guerra de religiões”.
“Alguém poderá pensar que estou a falar de uma guerra de religiões. Não. Todas as religiões querem a paz. A guerra querem-na os outros, entendido?”, disse Francisco aos jornalistas, a bordo do avião que o levou de Roma a Cracóvia, onde participará na Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
Francisco disse que “o mundo está em guerra” ao comentar o assassinato do padre Jacques Hamel, na terça-feira, durante um ataque terrorista à igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, na diocese francesa de Rouen, que acabou também na morte dos dois terroristas que executaram o ataque, ligados ao Daesh.
“É guerra. Este santo sacerdote foi morto precisamente no momento em que oferecia a oração pela paz, é um dos muitos cristãos, tantos inocentes, tantas crianças”, lembrou o Papa.
“Repete-se muito a palavra segurança, mas a verdadeira é guerra. O mundo está em guerra, guerra aos bocados”, alertou Francisco, reforçando a ideia de que se assiste a um terceiro conflito global, depois das Guerras Mundiais do século XX.
Em relação a estes conflitos, o Papa entende que a guerra não é tão “orgânica”, mas é “organizada”, dando como exemplo a situação na Nigéria, refutando a ideia de que é preciso desvalorizar situações como esta no continente africano.
“Não podemos ter medo de dizer esta verdade: o mundo está em guerra porque perdeu a paz”, insistiu.
Após saudar um a um os 70 jornalistas de 15 países, o Papa voltou a pegar no microfone para sublinhar que estava a falar de “uma guerra a sério, não de guerra de religiões”.
“Falo de guerra de interesses, por dinheiro, por causa dos recursos naturais, pelo domínio das populações”, precisou.
JMJ tem marca marcado de "fé e fraternidade"
O Papa viajou até Cracóvia, na Polónia, para participar na 31.ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), até domingo, e o Papa espera que os jovens sejam sinal de “esperança” neste momento.
Como é tradição, Francisco dirigiu, à partida, uma mensagem ao presidente da Itália, Sergio Mattarella, falando da JMJ como um encontro de “jovens provenientes de todo o mundo para um encontro significativo marcado pela fé e fraternidade”.
À chegada ao aeroporto internacional de Cracóvia, menos de duas horas depois, o Papa foi recebido pelo presidente da Polónia, Andrzej Duda, e pelo arcebispo da diocese, cardeal Stanislaw Dziwisz.
Durante a visita de cinco dias, Francisco vai participar nas cerimónias da JMJ, visitar o santuário mariano de Czestochowa e prestar homenagem às vítimas dos campos de extermínio nazi em Auschwitz-Birkenau.
Esta é a 15.ª viagem internacional do atual pontificado e a primeira do Papa à Polónia, em toda a sua vida.