21.10.20

Cada português está a pagar prestação média de €226 no crédito à habitação

Diogo Cavaleiro, in Expresso

Os bancos recebem, em média, menos 20 euros por cada contrato de crédito à habitação do que em março, devido às moratórias. Os portugueses com crédito à habitação deviam, em média, 54 mil euros em setembro

Cada português pagou, em setembro, uma prestação mensal de 226 euros ao banco por conta do seu crédito à habitação. Este montante tem-se mantido estável nos últimos três meses, segundo revela o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), sentindo já o efeito das moratórias bancárias previstas na lei. Olhando de outra perspetiva, os bancos recebem, nestes créditos, menos 20 euros por cada contrato de crédito do que conseguiam antes da criação destes alívios.

“Considerando a totalidade dos contratos, o valor médio da prestação manteve-se em 226 euros, pelo terceiro mês consecutivo. Deste valor, 44 euros (19%) correspondem a pagamento de juros e 182 euros (81%) a capital amortizado”, de acordo com o destaque divulgado esta terça-feira, 20 de outubro.

Em setembro de 2019, o montante estava em 247 euros mensais de prestação. Foi em março que a prestação média começou a cair (quando estava nos 249 euros mensais), recuando mais de 20 euros até agora. Nessa altura, o capital amortizado dizia respeito a cerca de 200 euros, sendo o restante em juros.

Os bancos estão, assim, a receber cerca de 20 euros abaixo do que estavam a arrecadar por cada crédito existente em março.

As moratórias legal e privada permitem aos clientes bancários suspender o pagamento das prestações dos créditos à habitação (capital e/ou juros), de forma a aliviar a sua fatura para os clientes que sofrem diretamente com os impactos da pandemia de covid-19. Estas moratórias estendem-se até março de 2021, pelo que, até lá, os portugueses não são obrigados a pagar as prestações, se assim o solicitarem – os contratos de créditos serão agravados (os juros ficam mais altos) e serão prolongados no tempo correspondente ao que estiveram suspensos.

Entretanto, nos novos contratos, os que foram celebrados entre junho e agosto, a prestação média é mais elevada, encontrando-se nos 283 euros, ainda que tal represente uma descida de dois euros face ao mês anterior – e embora esteja abaixo das prestações médias acima de 300 euros do início do ano.

Já o capital em dívida no crédito à habitação tem crescido, sendo que, em média, as famílias deviam 54.484 euros aos bancos em setembro, um crescimento em relação aos 54.317 euros em agosto. “Para os contratos celebrados nos últimos 3 meses, o montante médio do capital em dívida foi 108.249 euros, mais 321 euros que em agosto”, destaca o INE.

Em sentido inverso tem evoluído a taxa de juro implícita nos créditos à habitação, que há oito meses encontra-se abaixo de 1%. Em setembro, fixou-se em 0,966%, descendo face aos 0,967% do mês anterior.

Os juros em mínimos - reflectindo a política do Banco Central Europeu de taxa em mínimo - tem significado um alívio dos custos dos portugueses com os créditos à habitação, com impacto direto nas famílias com contratos celebrados à taxa variável. Do lado da banca, tem contribuído para um estrangulamento dos proveitos.