21.2.11

"Magalhanização" das exportações incomoda empresários portugueses

in Jornal de Notícias

O presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira, defendeu hoje a "despolitização" da economia no que se refere ao sector das exportações e um maior investimento nas Universidades.

"As empresas exportadores que tem sucesso gostariam mais que não houvesse tantos IAPMEI, tantos AICEP e tantas burocracias e, principalmente, que não houvesse a 'magalhanização' da exportação portuguesa", sustentou.

Rui Moreira falava num "sessão de esclarecimentos" organizado pelo Movimento do Partido do Norte, subordinada ao tema Indústria, Transportes e Regiões, que contou também com a presença de Silva Peneda, presidente do Conselho Económico e Social.

Rui Moreira disse que era preferível "acabar com esses institutos e, de alguma maneira, investir o dinheiro que se pouparia naquilo que me parece fundamental, que é na investigação dentro das universidades".

"Nós sabemos que a mortalidade, sobretudo a mortalidade infantil, nas empresas é bastante elevada, mas é melhor que seja assim porque sobrevivem os melhores. O que se pretende é que o Estado não seja um fator poluente, que beneficie uns e prejudique outros, muitas vezes por razões de ordem meramente política e de conveniência", disse.

Rui Moreira considerou ainda que "o Estado tem pecado por decidir, por razões que ninguém percebe, que um determinado sector é um sector estratégico. Não deve haver sectores preferencialmente estratégicos. Dentro de cada sector deve haver empresas que tem capacidade e outras que não têm, naturalmente que estas não crescerão ou morrerão".

"Para bem da nossa região, temos de exigir que o Estado são seja árbitro, muitas vezes em causa própria, por razões políticas. A 'magalhanização' da exportação é a pior forma de tratarmos a economia", acrescentou.

O ex-ministro do Emprego e actual presidente do Conselho Económico e Social, Silva Peneda, apontou o desemprego como "o maior problema" do país, defendendo que a resolução "não passa pela redução da procura interna".

Sobre o sector exportador, Silva Peneda considerou que "os sobreviventes são uns autênticos heróis, porque tiveram de competir com o mercado externo e ao mesmo tempo tiveram de ter a capacidade de incorporar nos seus custos, custos que não controlam, como os da energia, por exemplo".

Considerou ainda que "a evolução da política económica não privilegiou o que era a base económica do Norte" o que, em seu entender, explica "porque é que esta região tem vindo a decrescer de forma consecutiva e está hoje entre as regiões mais pobres da Europa".

Defendeu, por isso, a necessidade de alterar os critérios da política regional europeia.

"As verbas dos fundos estruturais são distribuídas de acordo com a riqueza de cada região, mas isto é feito numa análise estática. Devia-se introduzir um factor de análise dinâmica, para permitir compreender o que se passa com regiões que vêem o seu poder de compra a baixar de forma consecutiva", disse.