Por Luísa Pinto e Paulo Madeira, in Jornal Público
Portugal fecha o ano com quebras em linha com a média europeia porque o ciclo de recessão prolonga-se há nove anos. Sector perdeu 201 mil postos de trabalho
A produção do sector da construção chegou ao fim de 2010 ainda em forte queda na Europa, com Portugal a apresentar valores que aparentam estar em linha com a média europeia.Em Dezembro, a queda homóloga era de 12 por cento na zona euro e de oito por cento na UE, com valores negativos em todos os trimestres. Em Portugal, era de 8,8 por cento, depois de a variação mensal de Dezembro ter voltado a terreno negativo (-1,4 por cento), após uma subida isolada em Novembro.
O sector da construção foi muito afectado pela crise internacional, sobretudo em países que viveram bolhas imobiliárias, como a Irlanda e a Espanha, e, mais recentemente, também na Grécia, na sequência da forte restrição orçamental iniciada no ano passado. Portugal não aparece tão fragilizado quanto estes países, mas, porém, tal deve-se mais ao facto de o país ter vindo a acumular um ciclo recessivo que já atinge os nove anos.
Segundo os dados da Confederação da Construção portuguesa, nos últimos nove anos, o sector já contraiu 36 por cento em volume de produção, e perdeu 201 mil postos de trabalho desde 2001. "O ajustamento em termos de volume de produção deve agora estabilizar, mantendo-se em terreno negativo. Mas, em termos de postos de trabalho, as quebras poderão ainda vir a aumentar", afirmou ao PÚBLICO o presidente da Confederação da Construção, Reis Campos.
No conjunto da UE, a queda mensal foi de 3,1 por cento e, na zona euro, de 1,8 por cento. No quarto trimestre de 2009, a UE e a zona euro apresentavam quedas homólogas de 5,5 e 5,4 por cento da produção na construção, depois de quedas mais fortes nos trimestres anteriores. Em Espanha, a queda homóloga de Dezembro foi de "apenas" 19,8 por cento, após cinco meses com quedas superiores a 30 por cento. No caso da Grécia e da Irlanda, não existem dados relativos ao quarto trimestre de 2010.