in Jornal de Notícias
O economista João Duque considerou, sexta-feira, que as contas da execução orçamental do primeiro trimestre, que apontam para um excedente de 432 milhões de euros, são "uma mentira" e servem apenas para fazer campanha eleitoral.
"Essas despesas estão todas camufladas, são uma mentira", afirmou João Duque em declarações à agência Lusa reagindo aos dados da execução orçamental até Março, altura que o Governo garante ter-se registado uma melhoria de cerca de 1.750 milhões de euros nas contas da administração central e segurança social.
"Muito provavelmente, não está contabilizado o efeito BPN e, portanto, não são contas credíveis. Qualquer pessoa que está num plano sério de poupança e realinhamento das contas faz exercícios imputando mês a mês aquilo que é a expectativa de despesa que vai ter ou a assumpção do prejuízo que vai ter com o BPN", disse, defendendo que as contas deviam assumir mais cerca de 200 milhões de euros mensais.
"Esses maravilhosos resultados são, mais uma vez e no meu entendimento, resultados fracos", afirmou João Duque, conselheiro do líder do PSD, Pedro Passos Coelho.
Para João Duque, "o problema do Governo é o controlo das despesas [até porque] estes senhores não são capazes de controlar a despesa e isto é para a campanha eleitoral".
Por isso, considerou que os valores apresentados na execução orçamental do primeiro trimestre "não vão facilitar as negociações" do resgate financeiro pedido por Portugal.
Os técnicos da Comissão Europeia e do FMI "sabem muito bem com quem vêm tratar, sabem que são indivíduos que já tentaram falcatruar não sei quantas vezes as contas, são incompetentes para manter a despesa absolutamente controlada" e "não acredito que confiem seriamente nisto".
O Governo vai apresentar uma melhoria de cerca de 1.750 milhões de euros nas contas da administração central e segurança social na sua execução orçamental do primeiro trimestre deste ano quando comparado com o mesmo período de 2010, disse à Lusa fonte governamental.
Este resultado da administração central - que integra o Estado, serviços e fundos autónomos - e segurança social é fruto de um superavit de 432 milhões de euros na execução orçamental até Março quando, no mesmo período do ano passado, se registou um défice de 1.311 milhões de euros, refere a mesma fonte.
Segundo fonte governamental, "todos os subsectores registaram melhoria do seu saldo, sendo a mais relevante a registada no Estado, em que se verificou uma melhoria de mais de 1.500 milhões de euros". No primeiro trimestre de 2010, a execução no Estado teve um défice de 2.549 milhões de euros, enquanto que, em 2011, o saldo negativo ficou-se pelos 1.019 milhões de euros.
Em termos de despesa efectiva do Estado, o primeiro trimestre registou uma redução de 3,7 por cento face ao período homólogo, associada a uma redução da despesa corrente de 4 por cento e a uma redução das despesas com pessoal de 8,2 por cento, indica a mesma fonte.
No mesmo período, a receita fiscal registou um aumento de cerca 15 por cento, com subida de 20,7 por cento dos impostos directos e de 11,8 por cento dos indirectos.