in Jornal de Notícias
O professor de economia berlinense Markus Kerber exige a saída da Alemanha do euro, face à crise das dívidas soberanas na Europa e à ameaça de bancarrota na Grécia.
"O que devia ter sido politicamente decidido em 2010, que era excluir a Grécia da moeda única face à sua bancarrota fraudulenta, vem agora tarde demais, porque a distorcida situação da União Económica e Monetária já não se pode resolver através da saída de países isolados", escreve o professor da Universidade Técnica de Berlim num artigo publicado no jornal "Handelsblatt".
"Além de os defensores do euro impedirem essa solução, ela provocaria enormes encargos fiscais aos países que permanecessem no euro, também devido às ajudas financeiras à Irlanda e a Portugal", alega o mesmo economista.
"Por isso, a única resposta possível à política de chantagem da Grécia é a saída do euro de países com balanças comerciais estruturalmente positivas como a Alemanha, a Holanda, a Áustria, a Finlândia e o Luxemburgo", conclui Kerber.
Em conjunto com mais de 50 subscritores, o professor de economia apresentou, em Março, um requerimento no Tribunal Constitucional contra a participação da Alemanha no Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF).
O referido fundo já serviu para financiar parcialmente, em conjunto com o FMI, os resgates de 85 mil milhões de euros à Irlanda e de 78 mil milhões de euros a Portugal.
O resgate de 110 mil milhões de euros à Grécia foi aprovado em 2010, ainda antes da criação do referido fundo.
Na quinta-feira, haverá uma audiência no Tribunal Constitucional alemão sobre três das queixas apresentadas por vários grupos contra a criação do FEEF e o resgate de países da moeda única.