in Diário de Notícias
Um grupo de ex-chefes de Estado e de Governo, entre os quais o ex-presidente da República, Jorge Sampaio, exigiu hoje um programa de investimentos na Europa para dinamizar as economias, em vez de medidas de poupança.
O programa, inspirado no chamado "new deal" norte-americano, destina-se a "garantir a sobrevivência da zona euro e a sua coesão económica", diz-se no manifesto dos antigos dirigentes políticos, revelado hoje pela edição Online do semanário Der Spiegel.
O "new deal" foi um programa de reformas adoptado nos anos trinta do século passado nos Estados Unidos da América para fazer face à primeira grande crise económica mundial, reanimando a economia através de vultuosos investimentos do Estado.
Além de Jorge Sampaio, subscrevem o documento o ex-primeiro ministro belga Guy Verhofstadt, o ex-chefe do governo italiano Giuliano Amato e o ex-primeiro ministro francês Michel Rocard, nomeadamente.
A iniciativa partiu do director da Faculdade de Economia da Universidade de Atenas, Yanis Varoufakis, e do político trabalhista britânico e professor de economia Stuart Holland, noticia a mesma publicação.
Os signatários propõem que as verbas para o referido programa de investimentos europeu sejam recolhidas através da emissão de obrigações do tesouro de todos os estados da moeda única, os chamados euro-bonds.
A emissão deste tipo de obrigações tem sido recusada, no entanto, por boa parte das grandes economias da União Europeia, nomeadamente a Alemanha, a França, a Holanda e os países escandinavos.
Entre os responsáveis europeus actuais também há, no entanto, adeptos desta solução defendida pelos antigos políticos, como o presidente do eurogrupo, Jean-Claude Juncker.
Os governos da Itália, Grécia, Espanha e Portugal, defenderam igualmente, no auge da crise das dívidas soberanas, a emissão de euro-bonds, nomeadamente para obter empréstimos em condições mais favoráveis para os países que tiveram de pedir resgates à União Europeia e ao FMI.
Os ex-chefes de estado e de governo propõem ainda que as futuras receitas dos investimentos a implementar deveriam servir para abater os empréstimos contraídos em euro-bonds. Segundo os subscritores, as obrigações do tesouro europeias "teriam grandes hipóteses de atrair excedentes de fundos estatais e capitais de países emergentes, e ser vendidas por juros relativamente baixos".
Por isso, a UE "não só deveria juntar verbas para investimentos através dos euro-bonds, como também devia trocar uma parte da dívida contraída por países como a Grécia por este tipo de obrigações do tesouro", afirma-se na mesma declaração.