por Eduarda Frommhold, in Diário de Notícias
Mais de 30 mil milhões de euros que circulam todos os anos em Portugal, ou seja, um quinto da riqueza nacional, não paga impostos. A maior fatia, cerca de dois terços do total, resulta de remunerações de trabalho não declaradas e o restante a vendas que o são incorrectamente.
Por outras palavras, são receitas sonegadas todos os anos aos cofres do Estado pela economia paralela, lesando todos e cada um, em especial os que cumprem as suas obrigações fiscais. Mas os pagamentos electrónicos em detrimento da utilização de dinheiro podem ajudar a combater o fenómeno, garante um estudo da Visa Europe, ontem apresentado. De acordo com este trabalho, um aumento de apenas 10% na utilização per capita dos meios de pagamento electrónicos, durante quatro anos consecutivos, pode levar a uma queda de cerca de 5% da economia paralela.
O estudo, realizado por Friedrich Schneider, da Universidade de Linz, na Áustria, e pela consultora A.T. Kearney, revela que em 2010 a economia paralela atingiu em Portugal 33 mil milhões de euros, quase 20% do PIB, em linha com a média da União Europeia e dos países do Sul, mas bastante acima as economias da Europa Ocidental. No total dos 27, o fenómeno atingiu 2,068 biliões de euros, com maior predominância no Leste, onde chegou aos 33% do PIB, no caso da Bulgária. Do lado oposto ficou a Suíça (8%) e a Áustria (9%).
O estudo conclui, porém, que "o dinheiro é talvez o mais importante facilitador da economia paralela, porque é fácil de usar e difícil de rastrear", sendo possível combatê-la através dos sistemas de pagamento electrónico.