in Jornal de NOtícias
O Conselho Nacional de Pastoral Operária defendeu, este domingo, o reforço das medidas de apoio a novos projectos criadores de emprego e a uma efectiva justiça social, num encontro que reflectiu a preocupação com a situação laboral e familiar no país.
Em comunicado, o Conselho Nacional de Pastoral Operária apresenta um balanço do seu encontro anual realizado sábado, em Coimbra, no qual dá conta das preocupações mais sentidas pelos trabalhadores e suas famílias, como o desemprego, a insegurança dos que têm trabalho e a precariedade laboral no meio operário.
"Estas realidades colocam em causa uma vida familiar equilibrada, criam receio quanto ao futuro e à formação dos filhos, impedem os jovens de concretizarem sonhos, de terem perspectivas de futuro e motivam a emigração" de jovens licenciados e de trabalhadores", afirma o coordenador da Pastoral, Américo Monteiro Oliveira.
Os membros do Conselho Nacional mostraram-se igualmente preocupados com a situação de fragilidade de muitos imigrantes, com os cortes em necessidades essenciais como saúde, educação e a própria alimentação, e com o agravamento da pobreza.
"Como resposta para resolver muitas destas novas situações sobressai apenas uma vertente mais assistencialista, que não é promotora da justiça e coesão social. A sustentabilidade da Segurança Social é ameaçada, não só pelas diminuições dos descontos provocados pelo decréscimo demográfico ou aumento do desemprego, mas também pela imposição do memorando da Troika de baixar largamente a comparticipação das empresas", afirmam no comunicado.
A Pastoral Operária deixa duras críticas às políticas levadas a cabo para fazer face às dificuldades, considerando que se "insiste em legalizar a precariedade" com o argumento da sua "inevitabilidade", quando já se percebeu que "o seu único fruto é o aumento da própria precariedade".
Lembrando que sempre defendeu uma Europa social e solidária, exigente no controlo dos apoios e atenta ás necessidades dos povos, a pastoral lamenta defrontar-se hoje com "lideranças egoístas e economicistas" e recusa a ideia difundida de que foi o facto de os povos terem mais apoios e segurança que conduziu à actual situação.
"Se há quem não tem culpa nesta crise é o povo trabalhador, são as famílias que se esforçaram por crescer em conhecimentos e em abertura ao outro", sublinha no comunicado.
O Conselho Nacional da Pastoral Operária reconhece a necessidade de redução de despesas e de adquirir hábitos de poupança e de educação financeira, mas também de se valorizar a solidariedade e a dignidade humana.
Nesse sentido, nota que "começam a surgir movimentos de resistência e que as pessoas aprendem a viver sem consumir exageradamente", vivendo com menos sem perder dignidade.
A terminar, a pastoral defende a necessidade de se pensar e reforçar "medidas de apoio a projectos de investimento criadores de novos empregos e a uma efectiva justiça e coesão social, para que haja um verdadeiro desenvolvimento do país".