Texto Lucília Oliveira, in Fátima Missionária
6 por cento do apoio a crianças, jovens, idosos, deficientes, na área da saúde, educação, acção social é feito por instituições de voluntariado», afirmou o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade(CNIS), na abertura das Jornadas missionárias, em Fátima. 41 por cento destas instituições são da Igreja , mas «há mais, criadas em paróquias, movidas pelo espírito cristão e até da própria Igreja», acrescentou o padre Lino Maia.
Aos 200 participantes desta edição das Jornadas missionárias, sob o tema «voluntariado e missão», o responsável defendeu que, a par dos voluntários que gerem as instituições, «necessitados de voluntários, especialmente nas instituições com idosos». Lino Maia desafiou os jovens a prestar este apoio «porque os (idosos) ajudam a viver», assinalando que «as instituições não podem ser depósitos, de espera para a morte».
Em tempo de crise, o presidente da CNIS defendeu que «não podemos estar à espera que o Estado faça tudo» e apontou dois exemplos de trabalho voluntário; tendo um dos projectos nascido já em tempo de crise, para apoiar quem mais precisa. «Quando há voluntariado, há um contributo muito forte para a diminuição da pobreza» e «infelizmente, em Portugal, está a aumentar».
Actualmente há, segundo os números oficiais, 20 por cento de pobres, mas o número «seria maior se não houvesse alguns benefícios sociais», realça o sacerdote, para quem esse número dispararia para o dobro, 40 por cento. O Programa de Emergência Social (PES), apresentado recentemente pelo governo, com medidas para apoiar quem mais precisa, «não é um programa de erradicação da pobreza, e é importante que nós nos empenhemos na erradicação da pobreza», considerou.
O momento difícil que o país atravessa deve servir para «consciencialização de todos nós porque não é consumindo tanto que nós respeitamos as pessoas». O também director do Secretariado Diocesano da Pastoral Social e Caritativa do Porto sublinha que depois desta crise não vai ser possível voltar a ter o mesmo tipo de condições e de vida de há cinco anos atrás.
Ao mesmo tempo, Lino Maia lembrou que «caridade não é dar coisinhas», é «um bem se dermos o que nos é útil. O que não presta para nós, também não presta para os outros». E assinala que «quando depreciativamente se condena a caridade, devemos reconhecer que ela prevalece para além deste tempo aqui».
O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade defendeu ainda a introdução de uma disciplina nas escolas, dedicada à promoção do voluntariado. «É fundamental que os jovens se dediquem ao voluntariado», disse. O responsável gostaria, também, que a prática do voluntariado fosse expressa no curriculum vitae, quando as pessoas concorrem a um emprego, mesmo noutra área. Algo que já acontece noutros países, onde também há uma disciplina de promoção do voluntariado.