in Público on-line
Mais de um terço dos portugueses inquiridos num estudo considera que o Ministério da Saúde (MS) faz “uma má gestão dos dinheiros públicos”, enquanto 20% aceita a ideia de um Serviço Nacional de Saúde (SNS) pago e não universal.
O barómetro “Os Portugueses e a Saúde”, cujos resultados são divulgados hoje em Lisboa, refere que, face aos resultados do último semestre de 2010, os portugueses permanecem “muito críticos relativamente à gestão que o MS faz dos dinheiros públicos”, com 34,7% a apontar mesmo uma “má gestão”.
Por outro lado, indica, existe “uma franja significativa da população portuguesa (cerca de 20%) que aceita a ideia de um SNS pago e não universal” e 38,6% tem a noção que, num futuro próximo, o Estado não poderá continuar a garantir a todos os cidadãos o acesso a novos medicamentos.
A maioria dos inquiridos (54,9%) defende que cada português deverá pagar os medicamentos novos de acordo com os seus rendimentos, como forma de o Estado continuar a poder garantir o acesso a novos fármacos, enquanto 20,8% sugerem a redistribuição de verbas do Orçamento do Estado, canalizando mais verbas para a saúde.
Dos diversos sectores avaliados, a saúde é aquele em que os portugueses consideram que deveria existir maior investimento, com 91,2% a defender esta medida. “A maioria dos portugueses considera que deve gastar-se mais em saúde e aumentar o orçamento alocado ao sector, mas isto é exactamente o contrário das actuais intenções do Ministério da Saúde”, afirmou Paulo Moreira, da Escola Nacional de Saúde Pública, que irá apresentar os resultados do estudo.
Para 72,7% dos inquiridos, os médicos continuam a ser a sua principal fonte de informação sobre a saúde. “O facto de os portugueses manterem o médico como a sua maior fonte de informação levanta algumas questões, nomeadamente se o médico proporciona o contexto de educação em saúde nos encontros que tem com os cidadãos. Se assim não for então temos uma generalidade em que os cidadãos têm poucas alternativas de melhoraram o seu conhecimento sobre saúde”, salienta Paulo Moreira.
A Internet já é utilizada por perto de 30% dos portugueses, que utilizam esta ferramenta para procurar informações relacionadas com a sintomatologia de uma doença. É a população mais jovem, activa, com níveis de instrução mais elevados e residente na região de Lisboa e Vale do Tejo e Sul que recorre, de forma mais frequente à internet.
O barómetro analisou também a relação dos portugueses com a indústria farmacêutica e concluiu que 55% projectam “conotações negativas relativamente ao papel dos laboratórios”. Apesar dessa “imagem pouco favorável, a realidade é que os portugueses parecem reconhecer aos laboratórios farmacêuticos uma importância central em diversas questões chave do sector da saúde”.
O estudo, que decorreu em Julho, envolveu a população portuguesa com mais de 18 anos, residente no Continente, tendo sido a amostra de 645 questionários, que foram realizados telefonicamente. O intervalo de confiança é de 95% para uma margem de erro de cerca de 4,0%.