in Jornal de Notícias
Cerca de cem polícias portugueses recorreram, desde o início do ano, ao gabinete de Acção Social dos Serviços Sociais da PSP devido a problemas económicos, solicitando ajuda para reorganizar a suas contas familiares.
De Janeiro de 2008 a Setembro deste ano procuraram este serviço 572 polícias de várias patentes, a maioria com necessidade de apoio económico, quer ao nível da orientação financeira das suas contas com consolidação de créditos, quer ao nível de empréstimos que, em casos excepcionais e de absoluta necessidade, poderão ser feitos a taxa zero, nos termos da legislação em vigor.
Segundo Paula Gonçalves, responsável pelo Gabinete de Acção Social, criado em 1998, só nos primeiros nove meses deste ano foram atendidas 129 pessoas, das quais 98 com problemas económicos.
Chegam, ainda, a estes serviços situações mais graves de insolvência formal de funcionários da PSP.
Muitos dos casos prendem-se com o facto de serem deslocados e de precisarem de orientação e outros estão relacionados com problemas familiares, em especial divórcios.
"A polícia tem muitos deslocados em Lisboa e por vezes acabam por ter que sustentar duas casas, o que se torna muito complicado do ponto de vista financeiro", disse a responsável à Lusa, adiantando que estes profissionais pelas características da profissão lidam com mais dificuldade com o não cumprimento de compromissos assumidos, sendo alvo de pressão por parte das entidades de crédito que por vezes os procuram nas esquadras onde trabalham.
A grande procura deste apoio financeiro para empréstimos a curto prazo (12 meses) ou a médio e longo prazo, adiantou, tem crescido em termos de montantes pedidos pelo que até ao final do ano não é possível atender a mais.
"Notamos que este ano os pedidos são de montantes maiores e alguns já reincidentes", explicou adiantando que o gabinete procura sempre fazer um trabalho pedagógico com a assinatura de um contrato onde se comprometem a liquidar todos os empréstimos contraídos em entidades de crédito para que seja efectivamente feita a consolidação de créditos.
Aos que recorrem a esta ajuda, o gabinete dá também apoio psico-social, fazendo pedagogia para que a situação não se volte a repetir.
Segundo o secretário-geral dos Serviços Sociais da PSP, superintendente José Torres, num momento em que o país atravessa uma crise financeira com impacto em todas as profissões, estes serviços funcionam, como "uma espécie de amortecedor dos impactos de âmbito sanitário, socioeconómico e familiar inerentes a uma profissão especialmente exigente".
Fundados em 1959, os Serviços Sociais da PSP surgiram para suprir uma falha no panorama assistencial mas actualmente desenvolvem uma grande diversidade de actividades que se traduzem em varias modalidades de assistência, desde habitação social e temporária, lares de estudantes e apoio aos tempos livres.
Os polícias terminam, esta quarta-feira, uma semana de "indignação" com uma concentração junto à Assembleia da República para exigir do Governo que os coloque nas novas tabelas remuneratórias que entraram em vigor em Janeiro de 2010.