In "Público"
O futuro da segurança social e o crescimento económico em Portugal e na Europa precisam do trabalho de imigrantes, entre eles os refugiados, lembra Eduardo Cabrita.
Responsável pela integração dos refugiados na sociedade portuguesa, o ministro-adjunto, Eduardo Cabrita, salienta a disponibilidade que existe em Portugal para acolher refugiados da Síria e do Iraque. Uma manifestação de solidariedade que vem da sociedade civil, mas também de organizações ligadas às igrejas católica e islâmica.
Como responde ao discurso de que Portugal não tem dinheiro para gastar em solidariedade com refugiados?
A sociedade portuguesa é marcada por um grande consenso em torno do sentido de solidariedade. O facto de os portugueses terem sido refugiados ilegais em França e noutros países às centenas de milhar nos tempos da ditadura, quando atravessavam ilegalmente – a salto, dizia-se – a fronteira de Portugal para Espanha e depois para França, uns por razões económicas, outros por razões políticas, e a nossa forma solidária de estar e de conhecer as dificuldades das comunidades portugueses por todo o mundo, ajudará a compreender o facto de, em Portugal, existir um consenso – que nos orgulha – e que infelizmente é relativamente raro no quadro europeu. Não há nenhum partido que faça um discurso xenófobo no Parlamento, semelhante àquilo que acontece em alguns países. Temos é uma manifestação de disponibilidade de acolhimento que envolve autarquias, estruturas da sociedade civil, misericórdias, instituições ligadas à Igreja, quer a católica que a islâmica.
Portanto, abrange a sociedade?
Também há o papel tradicional do Conselho Português para os Refugiados, a Cruz Vermelha, a Plataforma de Apoio aos Refugiados. Em segundo lugar, Portugal, como país da União Europeia, tem vindo a passar por um processo de envelhecimento e a sua sustentabilidade assenta em fluxos que imigrantes. Tivemos um saldo natural negativo de cerca de 25 mil pessoas em 2015, após vários anos em que tal tem sucedido. O afluxo de pessoas que possam contribuir também para a renovação da sociedade portuguesa, e até activamente integradas para o financiamento da Segurança Social, é um elemento positivo. É, aliás, o que quer o FMI quer a OCDE dizem, numa visão de médio prazo, as migrações e designadamente o afluxo de refugiados – não é essa prioridade da nossa decisão – são até, em termos económicos, uma boa opção.