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A Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) manifesta a disponibilidade de Portugal para acolher refugiados sírios que foram bloqueados pelas autoridades gregas, depois de a Turquia ter deixado de controlar as suas fronteiras com aquele país.
A situação na fronteira entre a Grécia e a Turquia complicou-se nas últimas horas, depois o Governo turco ter decidido abrir as portas da Europa aos refugiados sírios. Uma forma de pressão sobre as autoridades internacionais, após os bombardeamentos do regime sírio que vitimaram cerca de 30 soldados turcos na região de Idlib.
A Grécia reagiu à “invasão” de refugiados com força, impedindo a entrada de cerca de milhares de migrantes no país. A situação tensa provocou confrontos entre migrantes e polícias, com arremesso de pedras e de barras de metal e com as autoridades a responderem com gás lacrimogéneo.
Perante a situação complicada, a PAR mostra-se, desde já, disponível a acolher “os requerentes de asilo e refugiados que se encontrem em território grego e a colaborar com o Governo português na identificação de obstáculos e no reforço da capacidade de acolhimento portuguesa”, conforme comunicado enviado às redacções.
A Turquia acolhe no seu território cerca de 3,6 milhões de refugiados sírios. A decisão do governo do país de abrir as portas da Europa a estes refugiados preocupa a PAR que destaca que a “já frágil situação humanitária vivida na Grécia, em especial nas ilhas gregas de Lesbos, Quios Samos e Kos, onde mais de 56 mil pessoas aguardam uma resposta ao seu pedido de asilo”, pode agravar-se ainda mais.
A PAR entende ser “absolutamente urgente” que Portugal reforce a sua capacidade de acolhimento para que possa receber mais refugiados e garantir-lhes uma resposta rápida e digna, podendo isso ser feito através do Acordo Bilateral assinado entre Portugal e a Grécia, em Março de 2019.
“A PAR apela assim, mais uma vez, à efectiva transferência de requerentes e beneficiários de asilo ao abrigo do Acordo Bilateral para Portugal, onde sejam tratados como pessoas e encontrem a paz e a estabilidade que merecem e procuram“, aponta-se no documento.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), cerca de 13 mil pessoas abandonaram o território turco com destino à Grécia, país que se recusa a abrir-lhes as suas portas, prometendo reforçar o controlo das fronteiras.
A PAR ressalva que há famílias acompanhadas de menores e em situação de particular vulnerabilidade, que fogem de perseguições ou que procuram a paz que o seu país não lhes consegue garantir e critica a ausência de uma “resposta europeia concertada à recolocação destas pessoas em território grego pelo espaço comunitário”.
Cerca de 13 mil pessoas estavam no sábado junto da fronteira greco-turca após o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ter aberto as fronteiras para deixar passar migrantes e refugiados para a Europa, segundo a OIM.
O Presidente da Turquia adiantou que, nas próximas horas, entre 25 mil e 30 mil pessoas podem tentar chegar à Grécia.
Além de milhões de refugiados sírios, a Turquia acolhe ainda centenas de migrantes e refugiados da Ásia, África e Médio Oriente que usam o país como ponto de trânsito para alcançar a Europa através da Grécia.
ZAP // Lusa