in Público on-line
O ministro do Interior turco, Suleyman Soylu, anunciou que Ancara está a preparar um caso para apresentar ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos para denunciar o tratamento dado pela Grécia aos refugiados.
A Grécia já repeliu da fronteira cerca de 35 mil refugiados sem documentos que tentavam entrar no seu território, desde que a Turquia abriu as suas fronteiras, na quinta-feira passada, diz o Governo de Atenas, que se prepara para enviar para os seus países de origem os que tiverem conseguido entrar desde 1 de Março.
O ministro da Imigração grego, Notis Mitarachi, disse que quem entrou ilegalmente no país a partir de dia 1 será transferido para a cidade de Serres, no Norte, e daí será deportado para o seu país.
A partir dessa data não serão aceites mais pedidos de asilo e os migrantes que tenham entrado na Grécia antes de 1 de Janeiro de 2019 e que actualmente estejam nas ilhas gregas – sobrelotadas, e a viver numa situação de enorme tensão – serão transferidos para o continente nos próximos dias, acrescentou Mitarachi.
Segundo a Reuters, a situação está calma esta quinta-feira na fronteira de Kastanies, entre a Grécia e a Turquia. Os refugiados, vindos do Afeganistão e do Paquistão, bem como da Síria e outros países da região, mantêm-se nas suas tendas, em campos improvisados, no lado turco da fronteira.
Migrantes do Afeganistão chegam a uma praia perto da vila de Skala Sikamias (ilha de Lesbos), depois de atravessarem parte do Mar Egeu desde a Turquia Reuters/ALKIS KONSTANTINIDIS
Ancara acusou as forças gregas de terem morto a tiro quatro refugiados – o que Atenas nega, acusando, por sua vez, a Turquia, de estar a ajudar os migrantes a cruzar a fronteira. Ambos os lados têm usado abundantemente gás lacrimogéneo contra as pessoas que tentam fazê-lo.
O ministro do Interior turco, Suleyman Soylu, visitou a província de Edirne, que fica na fronteira com a Grécia, já esta quinta-feira, e anunciou que será enviado um destacamento de mil polícias da força de intervenção, para travar o rechaçar dos refugiados de volta para território turco.
Soylu anunciou ainda que a Turquia está a preparar um caso para apresentar ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos para denunciar o tratamento dado pela Grécia aos refugiados. Acusou as autoridades gregas de serem responsáveis por ferimentos em 164 refugiados e por terem forçado de volta para a Turquia cerca de 5000 pessoas.
A Grécia diz que os seus guardas fronteiriços impediram 7000 entradas ilegais naquela fronteira só nas últimas 24 horas, o que eleva a 34.778 o número de detenções ali feitas. Terão conseguido passar 244 pessoas, dizem fontes governamentais gregas.
A Comissão Europeia recusou-se a censurar o comportamento das autoridades gregas e a sua política de dissuasão dos migrantes que procuram aceder ao território europeu. E também se recusa a denunciar o acordo que foi assinado com o Governo da Turquia, em Março de 2016, para travar o acesso de refugiados ao território europeu.
“Compreendemos a situação difícil em que a Turquia se encontra mas consideramos que os últimos desenvolvimentos junto à fronteira europeia estão a exacerbar os problemas. Acções unilaterais não são positivas, não beneficiam ninguém, pioram a situação e dificultam a sua solução”, disse o alto representante da União Europeia para a política externa, Josep Borrell, de regresso de um encontro em Ancara com o Presidente da Turquia, Recep Rayyip Erdogan.