5.3.20

Taxa de desemprego de Portugal é das que mais sobe na Europa

in Dinheiro Vivo

Subida da taxa de desemprego nacional é a maior desde o verão de 2013.
Pior só Lituânia, Luxemburgo e Suécia, os três ex-aequo com o maior aumento

Portugal é dos países da União Europeia com sinais mais agudos de degradação do mercado de trabalho neste arranque de 2020 (janeiro). Os dados foram revelados nesta terça-feira pelo Eurostat. Portugal registou a segunda maior subida (da Europa) ao nível da taxa de desemprego total entre janeiro de 2019 e igual mês deste ano. A incidência do fenómeno afetava 6,6% da população ativa no início do ano passado e atualmente a taxa já vai em 6,9% (mais três décimas percentuais). A intensidade do desemprego só piorou mais na Lituânia, no Luxemburgo e na Suécia (os três com um aumento de 0,5 pontos percentuais).

Esta subida homóloga da taxa de desemprego nacional, calculada pelo Dinheiro Vivo (DV) a partir de números originalmente apurados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e comunicados ao Eurostat, é a maior desde o verão (julho) de 2013, estava Portugal a tentar sair de uma grave crise económica e social, e envolvido num programa de resgate e de austeridade. A expansão do número de desempregados em Portugal também é das maiores da Europa, atualmente. Os dados do Eurostat mostram que é a terceira mais penalizadora, tendo aumentado 5,6% em janeiro face a igual mês de 2019. Uma vez mais Lituânia (10,1% de aumento), Suécia (7,8%) e Luxemburgo (6,3%) lideram este ranking. Portugal ganha assim mais 19 mil desempregados em apenas um ano, tendo agora um total de 369 mil casos. Variação do número de desempregados em janeiro de 2020 Infogram Quinto maior aumento do desemprego jovem O desemprego jovem também voltou a aparecer depois de anos de alívio. Segundo o Eurostat, Portugal tem agora a quinta maior taxa de desemprego jovem da Europa (19,3%) na sequência da quarta maior subida entre janeiro de 2019 e o primeiro mês deste ano. A taxa deteriorou-se cerca de 1,8 pontos percentuais, naquele que é o maior aumento desde maio de 2013.

O número de jovens (menos de 25 anos) sem trabalho disparou mais de 9%, totalizando 72 mil casos em janeiro. Em Portugal, o desemprego está a alastrar sobretudo entre os homens. As mulheres têm uma taxa superior, mas esta até desceu em janeiro. Estes dados são consistentes com os sinais de abrandamento na criação de emprego e de forte subida do desemprego revelados pelo INE no inquérito do quarto trimestre. Tal como escreveu o DV há cerca de um mês, a taxa de desemprego oficial portuguesa terminou o ano a subir de forma pronunciada após muitos trimestres de queda. O peso do desemprego agravou-se de 6,1% no terceiro trimestre para 6,7% no último trimestre do ano passado. Outro sinal desfavorável vem dos despedimentos coletivos, uma realidade que voltou a emergir. O número de despedimentos coletivos subiu em 2019, pelo segundo ano consecutivo, até aos 3616 casos, indicam dados da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), que faz parte do Ministério do Trabalho. A região mais fustigada (em 2019) é o norte do País, onde 123 empresas conseguiram concluir os respetivos processos de despedimento coletivo. Ficaram sem trabalho 1506 pessoas, mais 80% do que em 2018. O Norte arcou assim com 42% do total de despedimentos.