Henrique Cunha, in RR
A Rede Europeia Antipobreza enviou uma carta ao Governo onde alerta para os efeitos da pandemia junto dos grupos mais vulneráveis.
O conteúdo da carta a que a Renascença teve acesso, é conhecido em dia de Conselho Europeu e nela a Rede Europeia Antipobreza, para além de alertar para a situação dos mais vulneráveis, apresenta algumas recomendações para minimizar o impacto negativo que a pandemia está a ter nas pessoas em situação e risco de pobreza e exclusão social.
A Rede Europeia acredita que a pandemia irá passar e que será encontrada uma vacina, mas manifesta profunda preocupação “com os impactos económicos e sociais” que vão demorar muito mais tempo a ser ultrapassados; com implicações acrescidas junto daqueles “que mais precisam”. É neste contexto que o presidente da Rede Europeia Antipobreza em Portugal, o padre Jardim Moreira, diz à Renascença que “é preciso olhar para todos nesta hora”.
Lembrando em particular os sem-abrigo, o responsável da EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza alerta também para a situação de todos aqueles que exercem profissões mais precárias. “Por exemplo, as senhoras de limpeza nas cidades já ninguém as quer nas suas casas por receio de serem portadoras do vírus. Passados alguns dias, essas pessoas deixam de ter dinheiro para as suas despesas correntes.”
O padre Jardim Moreira alude também à situação dos sem-abrigo que “não têm onde dormir, não têm médicos, não têm comida”, e que podem ver a sua “saúde a debilitar-se e as coisas a agravar-se”.
O responsável pede, assim, que “em primeiro lugar se cuide do ser humano para que não seja abandonado e morrer sozinho” e apela “aos valores humanos e valores sociais e cristãos de que somos herdeiros para que possamos ter uma resposta que não nos envergonhe amanhã” como seja de “termos sido indiferentes a esta situação”.
A ideia é evitar que os sem-abrigo fiquem completamente desprotegidos perante a crise pandémica e a Rede Europeia recorda, na sua carta que em Portugal há “mais de 2 milhões de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social” e que mais de um milhão e meio estão em risco de pobreza monetária. E é neste contexto que o padre Jardim diz ser necessário que “alguém faça lembrar que esta gente existe e tem problemas acrescidos nesta hora” sobretudo porque “é uma faixa da sociedade portuguesa mais esquecida, mais vulnerável, e menos ouvida”.
O sacerdote diz que é “preciso olhar para todos, nesta hora, para que seja minorada a situação gravosa em que alguns se encontram” e que a Rede “achou que tinha o dever de ser porta-voz destas inquietações junto das autoridades para que, na medida do possível sejam tomadas em conta”.