Por Rute Fonseca, TSF
Nas últimas semanas, a Santa Casa da Misericórdia de Espinho ficou desfalcada. Com menos funcionários ao serviço, devido à proximidade com Ovar, o centro de dia foi encerrado mas o lar de idosos funciona com muitas dificuldades.
uma bomba relógio, não sei até quando aguentamos." O desabafo é do provedor da Santa Casa da Misericórdia de Espinho, que dada a proximidade com Ovar, tem cada vez menos funcionários no lar de terceira idade.
Aqui residem 110 pessoas, a maioria com mais de 80 anos. A Misericórdia tem conseguido manter as rotinas, mas com muitas dificuldades, como explica Pedro Nelson Sousa. "São pessoas com uma grande fragilidade, a maioria tem mais de 80 anos e existe sempre um risco associado. Costumamos dizer que é uma bomba relógio, estamos a fazer o possível para os proteger".
Pedro Nelson Sousa explica que teve que encerrar o centro de dia e, apesar das limitações, mantém aberto o lar de idosos. Alguns dos trabalhadores que residem em Ovar estão a viver temporariamente na instituição. "Não se deslocam a Ovar, foi a melhor maneira que encontramos para continuar a garantir os serviços, o que é fundamental, é a maior preocupação. Por outro lado, não há risco de contaminação." Pedro Nelson Sousa acrescenta: "A questão de Ovar é mais um obstáculo, porque aquilo que vivemos em termos gerais é que há um abstencionismo muito elevado, porque há funcionários que têm que tomar conta dos filhos, há quem apresente alguns sintomas e tem que ficar protegido... As pessoas têm-se desdobrado."
Ouça a reportagem da jornalista Rute Fonseca.
Residem aqui 110 idosos, a Santa da Misericórdia de Espinho também tem 30 pessoas na unidade residencial e garante apoio domiciliário. Pedro Nelson Sousa diz que trabalham com muitas limitações: "Falta de pessoal para fazer os trabalhos básicos. Na semana passada as diretoras técnicas tiveram que fazer as camas e outras funções que não lhes competem."
O provedor confessa que tem muito medo do futuro, e não consegue garantir que o lar de idosos vá continuar a funcionar.
"Podemos ter eventualmente alguém infetado e ter cada vez menos funcionários, É um problema muito grave, uma crise muito grave, mas vamos fazendo o dia-a-dia e ter a esperança de que a situação se altere."
O provedor sublinha que tem um "núcleo duro de colaboradores que vestem a camisola. Não é só um emprego, trabalhar numa instituição como esta é uma missão de solidariedade".
A Santa Casa da Misericórdia de Espinho já pediu à autarquia para ceder auxiliares das escolas para prestarem serviço no lar, mas ainda não teve provimento. "Não se está a dar a devida atenção ao que instituições como esta estão a viver. Temos utentes de alto risco, que temos que proteger e estamos a ter muitas dificuldades."
Há várias semanas que o lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia de Espinho proibiu as visitas, mas, para que os idoso possam continuar a ver os familiares, realizam videochamadas e ligações por Skype.