2.3.10

Transportes pedem menos impostos

Alexandra Figueira, in Jornal de Notícias

Combustíveis

Todas as associações de transportadoras, de mercadorias e de passageiros, reclamam a descida do imposto sobre produtos petrolíferos, que faz com que, em Portugal, o gasóleo seja mais caro do que em Espanha. Mas só uma admite avançar com protestos no terreno.

A Associação das Transportadoras Portuguesas, organizadora das paralisações de 2008, ameaça voltar ao terreno. O presidente, António Lóios, garante que os camiões continuam a abastecer-se no país vizinho, cujo gasóleo é mais barato, e a pagar lá o Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP). Uma descida deste imposto em Portugal poderia fazer regressar as empresas às bombas nacionais, diz. "Em breve, caso não tenham respostas concretas, as transportadoras agirão", ameaça.

Apesar de a diferença de preço ser menor do que no passado - do outro lado da fronteira, em Fevereiro, o gasóleo era oito cêntimos mais barato do que por cá - muitas pessoas atestam o depósito em Espanha, garante Virgílio Constantino. O líder da Associação dos Revendedores de Combustíveis assegura existir o hábito de cruzar a fronteira para comprar gasolina e todo o tipo de coisas, aproveitando o IVA mais baixo. "Não é só quem vive na raia, a fronteira recuou 70 ou 80 km", disse.

15 mil camiões parados

Ainda que a diferença de preço tenha diminuído, António Mouzinho, dos Transportadores de Mercadorias, reafirma a crise do sector: "No primeiro semestre de 2009, fecharam mil empresas e há 15 mil camiões parados", por falta de trabalho. Por isso, reclama a harmonização do ISP com o valor praticado em Espanha.

Também a associação de transportadores de passageiros reclama a descida do imposto, mas com uma diferença: "Prestamos um serviço público, o nosso preço é tabelado", afirmou o responsável, Cabaço Martins. Por isso, defende que só o gasóleo consumido por estas empresas devia ser mais barato. Este "gasóleo social" chegou a ser anunciado pelo anterior Governo, mas nunca foi criado.