in Observatório do Algarve
Na última campanha realizada pelo Banco Alimentar do Algarve “até fizeram fila para se inscreverem como voluntários”. Empresas doam em espécie e em serviços e comunidade estrangeira também participa, diz Adriano Pimpão, presidente do BA/Algarve.
Em três meses, o Banco Alimentar do Algarve passou de dois mil para quatro mil voluntários, assegura o seu presidente, o professor universitário Adriano Pimpão.
“Na última campanha de recolha de alimentos até faziam fila para se inscreverem como voluntários”, conta o responsável por esta estrutura de apoio social. Na zona de atuação do Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve foram angariadas 189 toneladas de produtos alimentares na última campanha de recolha (novembro de 2010).
15.500 pessoas recebem apoio alimentar
Os bens alimentares foram distribuídos a 15.500 pessoas “com carências alimentares comprovadas”, através de 74 Instituições de solidariedade social previamente selecionadas.
Este crescendo de voluntariado tem vindo a registar-se “nos últimos três meses” e embora admita que nem todos vão continuar a colaborar, Adriano Pimpão admite que foi “uma resposta muito positiva” que demonstra “um traço característico dos portugueses, que são capazes de tirar a camisa, para ajudar quem precisa”.
Outros fatores que em sua opinião podem ter contribuído para uma maior participação voluntária prendem-se com “uma maior protagonismo das associações de solidariedade social na divulgação do seu trabalho”.
A crise é a mãe de todas as ajudas
Mas foi certamente “a situação de crise atual” que tocou o coração dos algarvios, uma resposta que de resto se verificou a nível nacional.
Na mesma linha dos cidadãos estão as empresas, que também aumentaram a sua participação e donativos.
“É certo que as empresas podem tirar benefícios diretos quanto à sua imagem, e também a nível fiscal, mas a verdade é que a possibilidade de diminuir impostos já existia e agora é muito mais utilizada”, analisa o professor universitário que é economista de formação.
Grandes cadeias doam rotulagens erradas e produtos em fim de prazo de validade
A colaboração das empresas para o BA/Algarve são de três tipos: produtos, equipamentos e serviços.
As do ramo alimentar contribuem com produtos com erros de rotulagem ou cuja aproximação do fim do prazo lhes retira competitividade.
“Eles sabem que podemos distribuir rapidamente esses produtos, pelo que o grosso das ajudas surge assim” explica Adriano Pimpão.
Empresas doam maquinaria e serviços
Outra componente importante para o Banco Alimentar nas doações empresariais diz respeito a “maquinarias e serviços”.
“Foi muito importante a oferta de uma empilhadora para o armazém, a que a empresa doadora acrescentou a sua manutenção, gratuita” exemplica Adriano Pimpão referindo a propósito as empresas de transportes e as rent-a-car’s, que disponibilizam as viaturas no dia das recolhas, e que além disso “formam equipas entre os seus colaboradores para virem ajudar, alguns fardados com uma tshirt desse voluntariado”.
Frescos da horta
Mas houve quem oferecesse frigoríficos e assegure o seu bom funcionamento e até uma viatura transformada “para o transporte de alimentos, que obedece a normas específicas e nos permite fazer a ronda pelas instituições beneficiárias”.
Entre estes apoios o presidente do BA/Algarve fala ainda na empresa Vitacress, sedeada na região, que doa em regime regular, alfaces e saladas.
Comunidade estrangeira mobilizada
Regista-se igualmente um maior envolvimento da comunidade estrangeira residente no Algarve, que tem vindo a ter um maior protagonismo. “Esses não vão para a fila para se inscreverem, antes aparecem já organizados, perguntam o que precisamos, quotizam-se e vêm entregar”, explica.
É um caso de um grupo de senhoras de origem germânica que perguntaram o que era preciso e como poderiam ajudar e quando lhes foi dito ser necessário uma máquina para lavar o chão do armazém, onde é preciso manter boas condições de limpeza, se retiraram discretamente “e voltaram com um equipamento industrial”.
No arranque do Ano Europeu do Voluntariado (AEV-2011) que decorre com o mote “Uma celebração e um desafio” e em que a intenção é celebrar o compromisso de 94 milhões de voluntários europeus que, nos seus tempos livres trabalham de forma gratuita nas suas comunidades, o Algarve parece estar bem representado.
“O AEV 2011 é também um desafio para os três quartos da população europeia que não participa em qualquer atividade de voluntariado e gostaríamos de dizer a estas pessoas que também elas podem fazer a diferença” refere por sua vez o Conselho Nacional para Promoção do Voluntariado (CNPV) presidido por Elza Chambel.
Veja aqui os objetivos e as atividades previstas para Ano Europeu do Voluntariado.