4.2.11

Algarve: “Até fizeram fila, para se inscreverem como voluntários”

in Observatório do Algarve

Na última campanha realizada pelo Banco Alimentar do Algarve “até fizeram fila para se inscreverem como voluntários”. Empresas doam em espécie e em serviços e comunidade estrangeira também participa, diz Adriano Pimpão, presidente do BA/Algarve.

Em três meses, o Banco Alimentar do Algarve passou de dois mil para quatro mil voluntários, assegura o seu presidente, o professor universitário Adriano Pimpão.

“Na última campanha de recolha de alimentos até faziam fila para se inscreverem como voluntários”, conta o responsável por esta estrutura de apoio social. Na zona de atuação do Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve foram angariadas 189 toneladas de produtos alimentares na última campanha de recolha (novembro de 2010).

15.500 pessoas recebem apoio alimentar

Os bens alimentares foram distribuídos a 15.500 pessoas “com carências alimentares comprovadas”, através de 74 Instituições de solidariedade social previamente selecionadas.

Este crescendo de voluntariado tem vindo a registar-se “nos últimos três meses” e embora admita que nem todos vão continuar a colaborar, Adriano Pimpão admite que foi “uma resposta muito positiva” que demonstra “um traço característico dos portugueses, que são capazes de tirar a camisa, para ajudar quem precisa”.

Outros fatores que em sua opinião podem ter contribuído para uma maior participação voluntária prendem-se com “uma maior protagonismo das associações de solidariedade social na divulgação do seu trabalho”.

A crise é a mãe de todas as ajudas

Mas foi certamente “a situação de crise atual” que tocou o coração dos algarvios, uma resposta que de resto se verificou a nível nacional.

Na mesma linha dos cidadãos estão as empresas, que também aumentaram a sua participação e donativos.

“É certo que as empresas podem tirar benefícios diretos quanto à sua imagem, e também a nível fiscal, mas a verdade é que a possibilidade de diminuir impostos já existia e agora é muito mais utilizada”, analisa o professor universitário que é economista de formação.

Grandes cadeias doam rotulagens erradas e produtos em fim de prazo de validade

A colaboração das empresas para o BA/Algarve são de três tipos: produtos, equipamentos e serviços.

As do ramo alimentar contribuem com produtos com erros de rotulagem ou cuja aproximação do fim do prazo lhes retira competitividade.

“Eles sabem que podemos distribuir rapidamente esses produtos, pelo que o grosso das ajudas surge assim” explica Adriano Pimpão.

Empresas doam maquinaria e serviços

Outra componente importante para o Banco Alimentar nas doações empresariais diz respeito a “maquinarias e serviços”.

“Foi muito importante a oferta de uma empilhadora para o armazém, a que a empresa doadora acrescentou a sua manutenção, gratuita” exemplica Adriano Pimpão referindo a propósito as empresas de transportes e as rent-a-car’s, que disponibilizam as viaturas no dia das recolhas, e que além disso “formam equipas entre os seus colaboradores para virem ajudar, alguns fardados com uma tshirt desse voluntariado”.

Frescos da horta

Mas houve quem oferecesse frigoríficos e assegure o seu bom funcionamento e até uma viatura transformada “para o transporte de alimentos, que obedece a normas específicas e nos permite fazer a ronda pelas instituições beneficiárias”.

Entre estes apoios o presidente do BA/Algarve fala ainda na empresa Vitacress, sedeada na região, que doa em regime regular, alfaces e saladas.

Comunidade estrangeira mobilizada

Regista-se igualmente um maior envolvimento da comunidade estrangeira residente no Algarve, que tem vindo a ter um maior protagonismo. “Esses não vão para a fila para se inscreverem, antes aparecem já organizados, perguntam o que precisamos, quotizam-se e vêm entregar”, explica.

É um caso de um grupo de senhoras de origem germânica que perguntaram o que era preciso e como poderiam ajudar e quando lhes foi dito ser necessário uma máquina para lavar o chão do armazém, onde é preciso manter boas condições de limpeza, se retiraram discretamente “e voltaram com um equipamento industrial”.

No arranque do Ano Europeu do Voluntariado (AEV-2011) que decorre com o mote “Uma celebração e um desafio” e em que a intenção é celebrar o compromisso de 94 milhões de voluntários europeus que, nos seus tempos livres trabalham de forma gratuita nas suas comunidades, o Algarve parece estar bem representado.

“O AEV 2011 é também um desafio para os três quartos da população europeia que não participa em qualquer atividade de voluntariado e gostaríamos de dizer a estas pessoas que também elas podem fazer a diferença” refere por sua vez o Conselho Nacional para Promoção do Voluntariado (CNPV) presidido por Elza Chambel.

Veja aqui os objetivos e as atividades previstas para Ano Europeu do Voluntariado.