in O Mirante
A escola básica e secundária de Samora Correia, concelho de Benavente, lançou um programa de apoio aos alunos e famílias mais carenciadas do agrupamento. O objectivo é recolher vestuário, calçado, livros e material escolar para depois distribuir por quem mais precisa. A recolha de alimentos é o principal objectivo.
Ajudar quem mais precisa é o objectivo da “loja social” criada em Dezembro de 2010 pela escola básica e secundária de Samora Correia, no concelho de Benavente. O novo projecto visa recolher junto dos encarregados de educação, cidadãos, instituições e empresas do concelho artigos que possam ajudar os jovens alunos e as famílias que se encontram em situação de maior vulnerabilidade social.
Actualmente, dos 1702 alunos do agrupamento de escolas de Samora Correia, mais de 600 beneficia de apoio da Segurança Social. “O que pretendemos é facultar vestuário, calçado, roupa de cama, mobiliário e comida. A comida é mais difícil e pedimos um parecer à ASAE para saber se os interessados poderão ir aos restaurantes buscar directamente a comida. Esse parecer ainda não veio e por enquanto esse é apenas um objectivo para o futuro. Mas já temos restaurantes que nos manifestaram a vontade de receber as pessoas sem que ninguém saiba se estão a pagar ou não. Ainda existe muita pobreza envergonhada”, lamenta a O MIRANTE Dora Morgado, subdirectora do estabelecimento de ensino.
A responsável refere que a ideia para o projecto social surgiu na sequência do aumento dos pedidos de ajuda por parte dos alunos e dos pais. “Noto que as pessoas precisam destes bens mas precisam essencialmente de comida. Há fome. Muitas vezes vêm ter connosco e dizem que a unica refeição que os filhos têm é o que comem na escola. É aflitivo, às vezes nem dizem. Os miúdos vão para as aulas e depois começam a sentir-se mal por não terem tomado um pequeno-almoço”, lamenta a responsável.
Actualmente a loja social já tem vários produtos guardados para entrega mas são precisos voluntários para inventariar tudo o que existe. O projecto já ajudou, no último natal, uma família da cidade. “Em parceria com a câmara de Benavente fizemos uma acção de recolha de bens muito grande porque a câmara conseguiu dar uma uma casa a uma familia com muitas dificuldades, pai e dois rapazes, e nós em conjunto conseguimos montar a casa e recheá-la. Foi uma alegria imensa, eram jovens que nunca tinham tido uma casa”, conta Dora Morgado.
A escola está disponível para receber todas as doações que a população queira fazer, não apenas do concelho de Benavente como dos concelhos vizinhos, como Azambuja, Cartaxo ou Vila Franca de Xira. “Contudo os bens que angariamos na loja social destinam-se apenas a ajudar os nossos alunos e as suas famílias, algumas com situações já sinalizadas pelos serviços sociais”, informa a responsável. Os interessados em receber apoio só têm de se dirigir aos directores de turma e preencher um formulário nos serviços da escola.
“Isso vai permitir saber o que a pessoa precisa e os subsídios que recebe, para depois cruzarmos essa informação com a Segurança Social. Isto porque existem alunos que são falsos carenciados. Vemos depois os encarregados de educação a trazê-los em carros topo de gama”, critica. Outro dos problemas são os alunos de famílias com os pais desempregados há pouco tempo sem forma de pedir a declaração social. “Esses tentamos ajudar da melhor maneira possível, sobretudo ao nível do pagamento das refeições”, esclarece Dora Morgado.
Os responsáveis garantem que não têm como objectivo “entrar em projectos megalómanos” e garantem que a loja social vai funcionar “enquanto existir gente disponível para ajudar”.