Durante um ano, o PÚBLICO vai acompanhar os reflexos da crise na vida de cinco famílias, de norte a sul do país.
Através de relatos na primeira pessoa, textos jornalísticos, dados estatísticos e contribuições dos leitores, “Um ano na crise” pretende ser um retrato do país, num dos seus piores momentos económicos.
Veja aqui o Video de Apresentação
Família Dimas - Textos de Carlos Dias
Famíla Dimas, Beja, 30.03.2011
Quando a nostalgia já tomava conta do dia-a-dia de Adriana Dimas, acompanhada da tristeza por ter sido forçada a abandonar as suas estufas — onde, há mais de uma década, plantava couves, alfaces, feijão verde, cenouras, pimentos, etc. —, o inesperado aconteceu.
O proprietário da herdade do Monte da Diabrória, o novo local de trabalho de Adriana situado às portas de Beja, anuiu ao seu apelo e dentro de dias vai iniciar a plantação de quase um hectare de melões, melancias e meloas. “ O terreno já está alquevado [lavrado]” revela, satisfeita. É o retorno à actividade agrícola, que nunca colocou de lado, embora já tivesse interiorizado a ideia de que tão cedo não pegava numa enxada.
Acontece que o seu novo patrão acolheu de bom grado a possibilidade de poder aproveitar as estufas de Adriana para nelas fazer culturas, com objectivos pedagógicos. É que no Monte da Diabrória faz-se turismo rural e, nesse sentido, bastou juntar o útil ao agradável, cultivando hortícolas para os clientes poderem consumir e, ao mesmo tempo, observarem como se produzem.
20.03.2011
Depois de ter deixado a cultura de hortícolas pressionada pela crise económica, Adriana Dimas não baixou os braços e procurou na restauração assegurar a subsistência mínima. Mas os sobressaltos da vida ditaram que procurasse um novo emprego, dadas as dificuldades reveladas pela entidade empregadora em assegurar-lhe o posto de trabalho.
Não desistiu e rapidamente encontrou nova ocupação no Monte da Diabrória, uma empresa que se dedica ao turismo rural. Faz de tudo um pouco — e nota-se o contentamento. Parece que desta vez a sorte está a acompanhá-la.
“Os pagamentos estão em dia e o patrão deu-me casa, água e luz.” Mais ainda: “Posso voltar a cultivar as minhas couves, as cenouras, enfim, aquilo que serve para o sustento da família no dia-a-dia”, mais a criação de galinhas e coelhos. “Não há-de ser sempre ruim, não acha?”, observa Adriana, sorridente e olhando as estruturas metálicas das suas estufas, desmontadas e arrumadas a um canto no local onde trabalha. O seu actual patrão comprou-lhas, permitindo-lhe assim liquidar parte das dívidas que tinha.
Menos sorte tem o seu companheiro, que continua com os salários em atraso há vários meses. Recebeu apenas 800 euros de um mês e tem um cheque que só pode levantar a partir desta semana relativo a outro mês de ordenado.
Adriana tenta compensar esta falta continuando a fabricar o pão que a família consome e a manter a venda ambulante de produtos hortícolas em Aljustrel. “Já me senti mais desmoralizada”, confessa, dando conta da sua satisfação pelas mensagens de alento que tem recebido depois de o PÚBLICO ter revelado a sua história no passado dia 5 de Março.
05.03.2011
Num Alentejo sempre à beira da solidão, os rendeiros persistem em cultivar a terra que a outros pertence. Adriana Dimas é a escolha que fiz para os representar na história que vou contar. Foi uma das poucas mulheres, senão a única, que fez, até agora, hortícolas no concelho de Beja. O ganho do seu sustento sempre esteve directamente relacionado com o esforço do seu desempenho e dos seus conhecimentos.
Foi-se valorizando à medida que comprava estufas para plantar couves, alfaces, feijão verde e tomates, que vendia nas superfícies comerciais e lojas de Beja. É chapa ganha, chapa gasta, confidenciou-me num destes dias.
Uma escolha de peso que realça um pormenor cativante: para além do marido e do filho, um idoso, companheiro de muitas lavouras, tem direito ao reduto familiar de Adriana, por não ter mais ninguém na vida. Um gesto solidário quando o infortúnio bateu à porta da rendeira, que passou de um dia para o outro a empregada de mesa num restaurante, por não encontrar terra para continuar a fazer hortícolas. Mas continua a acreditar que vai voltar a olhar o que a terra consegue produzir às mãos de uma horticultora.
Família Fonseca - Textos de Idálio Revez
Família Fonseca, Faro, 28.03.2011
A vida de Sandra Fonseca continua em maré baixa no que diz respeito a oportunidades de emprego. Mas ela não é mulher de desistir facilmente e, por isso, manifesta a esperança de que mais dia, menos dia vai conseguir “dar a volta a isto”.
O início da Primavera aumentou as expectativas de que vão ser criados mais postos de trabalho no Algarve, com a chegada de mais turistas. E Sandra não perdeu tempo: “Fui pedir emprego num restaurante e agora estou à espera de resposta”, confidencia.
Enquanto a resposta não chega, continua a viver apenas do salário que aufere a fazer serviço de limpeza na Universidade do Algarve, a tempo parcial. E a precariedade a que se encontra votada obrigou esta mãe solteira a regressar a casa dos pais, onde agora vive com os seus filhos de cinco e nove anos.
Sandra Fonseca tenta ao mesmo tempo recuperar o apoio da Segurança Social que perdeu por não ter comparecido à visita obrigatória na junta de freguesia, quando se encontrava hospitalizada em virtude de um tromboflebite que sofreu. “É só burocracia, papéis e mais papéis …”, comenta.
Mas o que gostava mesmo, observa, era de ter “trabalho certo para poder dar um novo rumo à vida”. Voltar a viver em casa dos pais, depois da ruptura com o ex-companheiro, agravou as condições de vida da família Fonseca.
05.03.2011
O meu encontro com a família Fonseca deu-se por mero acaso. “Fecharam-me todas as portas.” O lamento, proferido por Sandra num café de Faro, a meio da tarde, despertou-me a atenção e a curiosidade. A jovem mãe, com trabalho precário, relatava o seu encontro com o Serviço de Segurança Social, onde lhe tinham acabado de recusar ajuda.
Nesta altura do ano, o que não falta no Algarve são desempregados, mas a forma como Sandra falava sugeria que tinha uma história de vida diferente. Quando me aproximei, um dos seus dois filhos, de cinco anos, olhava-me como que a perguntar: “Quem é este? O que quer?”.
Uma breve troca de palavras deu para perceber que Sandra, que agora trabalha três horas por dia em limpezas na Universidade de Algarve, protagonizava a outra face de uma região turística que se confronta com os problemas da sazonalidade e vê a população triplicar nos meses de Verão.
Após ter fracassado um negócio de café, que explorava por conta própria, regressou há cerca de um ano a casa dos pais, onde também já vivia um irmão. E no apartamento T2 da família Fonseca, em Faro, passaram a morar seis pessoas.
Família Lourenço - Textos de Graça Barbosa Ribeiro
Famíla Lourenço, Coimbra, 18.03.2011
Há momentos em que um homem não sabe o que dizer. Foi o que sentiu José Lourenço, quando uma funcionária da escola em que dá aulas lhe perguntou: “Diga-me: como é que vou viver?”. Ganha pouco mais do que o ordenado mínimo, é divorciada, tem um filho e não recebe pensão de alimentos, porque o marido também está numa “situação complicada” e não consegue pagar-lhe o que deve. Regressou a casa dos pais e, recentemente, verificou que o filho deixara de ter direito a abono de família. Foi à Segurança Social perguntar se era engano, voltou para casa a chorar: “Como é que hei-de viver?”.
O professor de Filosofia diz que ficou sem palavras: “Não sei, nem consigo imaginar como é que uma família vive com 500 euros”. Faz uma pausa e diz esperar não ser mal entendido quando acrescenta: “Nem tenho coragem de vir aqui falar das minhas dificuldades — ao lado dela, tenho de me considerar feliz”. Mas não está — sente-se “chocado”.
Considera as novas medidas de austeridade “imorais”, por “atingirem aqueles que já nada têm”. “Vejo pela minha mãe, que recebe 300 e tal euros por mês e vai ver a pensão congelada sem que se confirme, sequer, a baixa de preço dos medicamentos. Ela ainda tem o quintal, onde cultiva os legumes e cria galinhas — e os idosos que moram nas cidades?”, preocupa-se.
José diz que se vivem “tempos de grande angústia, como mostrou a manifestação das ‘gerações à rasca’”. “Parece que isto não acaba — um dia é mau, o outro é pior e, apesar disso, não temos a certeza de que o seguinte não seja pior ainda. Não sabemos o que aí vem”.
11.03.2011
Aparecer no PÚBLICO a falar sobre a crise suscita curiosidade, verifica Clara Lourenço. Nos últimos dias houve quem lhes perguntasse – a ela e ao marido – o que ganhavam com isto; e, perante a resposta, se espantasse por eles aceitarem o desafio a troco de nada. “A crise e os protestos dos cidadãos, neste momento da vida do país, podem ser um bom pretexto para se reflectir sobre a falta de formação cívica dos portugueses no que diz respeito à participação”, comenta.
Clara repara que muitos não poupam “nos comentários anónimos e muitas vezes insultuosos” nos blogues e nos sites dos jornais, “como se isso fosse participar…”. Por outro lado, diz, consideram “extraordinário que alguém que não seja pago para isso assuma as responsabilidades pelas suas opiniões”. Pensa que “talvez esta situação se deva a uma herança de silêncio”, na medida em que muitos dos que nasceram num regime democrático foram educados por pessoas que se tornaram adultas antes de 74.
As manifestações da ‘Geração à Rasca’ vêm a propósito. Os jovens vão manifestar-se “anonimamente, em grupo”, mas Clara acredita que, do ponto de vista individual, eles “têm uma formação que lhes garante uma capacidade de reflexão e de intervenção” superiores às das gerações anteriores.
“Penso que será crucial não se deixarem instrumentalizar pelos partidos – um risco real. Se resistirem, se mantiverem voz própria e a souberem afirmar, não só colectiva mas individualmente, talvez estejamos a assistir ao nascimento de algo novo”, diz. Anseia por isso.
É ex-professora dos ensinos secundário e superior e está “sempre” a cruzar-se com antigos alunos, “licenciados e até com duas licenciaturas”, “nas caixas dos supermercados” ou “a fazer promoções a produtos nos centros comerciais”. Por isso diz que “é injusto e irresponsável acusar os jovens de não quererem trabalhar”. Diz-lhe a experiência que “querem tanto que se sujeitam a quase tudo”.
05.03.2011
Ainda há dois anos andavam cem mil professores em manifestações de rua, pelo que não parecia difícil encontrar um — apenas um — disposto a assumir esta outra forma de intervenção, que é reflectir sobre o quotidiano de uma família de funcionários públicos num país em crise. A exposição individual, no entanto, revelou-se um sério obstáculo. Foi preciso procurar alguém habituado a dar cara e, nessa fase, José Vieira Lourenço foi a primeira escolha.
Professor de Filosofia, com 58 anos, integrou a lista de candidatos do BE à Câmara de Coimbra, como independente; tem ainda no currículo um cargo público — coordenador de um centro de área educativa, no Governo de António Guterres. Dois “pecadilhos” que me pareceram irrelevantes, desde que confessados (a bem da transparência), e que são largamente compensados pelo testemunho que José e a mulher podem dar sobre vários problemas que afectam a classe média-alta do país real.
José e Clara, ambos professores, são pais de duas mulheres que pertencem ao grupo dos emigrantes qualificados; não conseguem cortar “o cordão umbilical da transferência bancária” que ainda os liga às filhas; testemunham a angústia dos colegas que temem passar de contratados a desempregados; conhecem o dia-a-dia dos adolescentes de um meio urbano; e, para além de terem sofrido os cortes nos vencimentos, têm de partilhá-los com uma pessoa próxima que vive o drama do desemprego sénior. De tudo isso ouviremos falar.
Família Almeida - Textos de Ana Cristina Pereira
Família Almeida, Porto, 05.03.2011
Acho que vou fazer uma lista com exemplos de poupança da Manuela, a ver se interiorizo alguns.
Regra n.º 1: não ir às compras com fome.
Manuela só entra no supermercado depois de comer. Tenta apressar-se, não vá a fome apanhá-la ladeada de prateleiras carregadas de produtos chamativos e fazê-la comprar o que não precisa. Não é tão fácil quanto parece. “Perco tanto tempo! Um dia destes, vou ter um trauma de hipermercado!”
Todo o cuidado lhe parece pouco para não tomar gato por lebre. “Está a ver o líquido para a máquina de lavar roupa? Podem dizer que levar dois fica mais barato do que levar um, mas aqueles dois têm 50 centilitros e ao lado está uma embalagem com um litro e tal.”
Nos hipermercados ou supermercados, aproveita para folhear a imprensa. Passa os olhos pelas notícias e pelos anúncios de emprego. Fá-lo ali ou na Biblioteca Municipal Almeida Garrett. Num café não. Num café tem de consumir e acede apenas a um jornal diário.
Se a fome a apanhar ao virar de um qualquer corredor, faz negociação interior: “Uma coisa que uma pessoa desempregada aprende a controlar é a vontade de comer: ‘Por que vou comer aquilo se daqui a uns minutos estou em casa? Aquilo não me vai alimentar, se calhar só me vai engordar!’”.
É isso. Vou começar a apontar as regras de poupança da Manuela. Pode ser que sejam úteis a mais gente.
Quem me falou nela foi o José António Pinto, um assistente social todo-o-terreno que conheci uma madrugada, numa fábrica abandonada, já lá vão mais de dez anos. “É uma lutadora. Está no centro de emprego todos os dias. Alta apresentação. Bons hábitos de leitura. Toca lindamente piano”.
Aceitaria Manuela Almeida dar a cara? Ninguém gosta de ser visto como um relegado pelo mercado de trabalho. Mesmo que quisesse oferecer o seu testemunho, estaria disposta a aturar uma equipa de reportagem um ano inteiro? Se estivesse, que diriam as duas filhas?
Peguei no telemóvel e marquei o número da mulher de 48 anos, divorciada, diligente. Quando dei por mim, estávamos a rir. Sim, Manuela tem sentido de humor. E sentido de dignidade. Muito.
Combinámos tomar um café numa tradicional pastelaria da baixa do Porto. Falámos muito sobre essa estranha forma de emprego que é a procura de emprego. E sobre o estigma. E sobre os milagres de gestão que é preciso fazer para aguentar até ao final de cada mês.
Por nós, tudo certo. E as filhas? A sentença adiou-se para o dia seguinte. Não queriam aparecer. Nem queriam filmagens dentro de casa.
Podia procurar outra família? Podia, mas não quis fazê-lo. Compreendi e aceitei as restrições daquela como uma forma de lidar com a realidade. Cair no desemprego é, amiúde, cair na pobreza. E toda a nova pobreza é envergonhada. Envergonhada e inconformada.
Com Manuela, o leitor perceberá que cair no desemprego e, por essa via, na pobreza, não é só não poder comprar um livro ou um bilhete de cinema. É correr de um supermercado para outro em busca dos melhores preços, aproveitar para folhear os jornais à cata de anúncios, e ouvir dizer que o desempregado não quer trabalhar, quer estar de férias, viver de subsídios.
Família Magalhães - Textos de Raquel Almeida Correia
Família Magalhães, Cascais, 22.03.2011
No dia em que entrevistámos Pedro e Rita pela primeira vez, fomos recebidos por calçada levantada, martelos pneumáticos e capacetes azuis. No Largo Camões, em Cascais, há obras em andamento. E a marisqueira e cervejaria inaugurada pela família Magalhães no Verão de 2010, numa das zonas mais centrais da vila, não escapou ilesa, tal como todos os restaurantes das redondezas. Há cadeiras e mesas de esplanada empilhadas, poeira no ar e muito barulho de fundo. Clientes, nem vê-los. A família foi avisada que as obras iam começar, com duas semanas de antecedência. “Se tivéssemos sabido antes, tínhamos pedido aos empregados para tirarem férias nesta altura”, lamenta Pedro. Por muito que a ementa seja convidativa, é normal que os turistas, que procuram aquela zona pela calma imposta pelo mar, não apareçam. A calçada levantada, os martelos pneumáticos e os capacetes azuis vão estar por ali, pelo menos, mais dois meses. “Já nos estragaram a Páscoa”, que é uma das épocas nobres para encher as mesas do restaurante, diz Pedro.
09.03.2011
O nome do primeiro restaurante dos Magalhães não poderia ser mais apropriado. “O Destino” abriu há quatro anos, no centro da capital. No Verão do ano passado, já com a crise no auge, avançaram com um novo projecto: uma marisqueira, em Cascais.
Ter restaurantes não foi propriamente um caminho programado pelos Magalhães. Pedro e Rita estiveram ligados ao negócio das telecomunicações durante muitos anos, mas quando a investida falhou por saturação do mercado, fecharam a loja de telemóveis. Ficaram com um espaço livre, no centro da capital, junto ao Coliseu dos Recreios. Foi ali que deram o primeiro passo na restauração, há quatro anos.
É no restaurante “O Destino” que Pedro passa grande parte do dia, gerindo, actualmente, oito empregados. Serve-se comida típica portuguesa, essencialmente aos turistas que por ali circulam. Tal como no restaurante de Cascais, a Cervejaria Marisqueira Camões, que abriu em Junho de 2010, num largo central da vila, as mesas vão sendo preenchidas por estrangeiros. Os clientes portugueses têm vindo a desaparecer aos poucos porque “não há dinheiro para gastar dez ou quinze euros numa refeição”, explica Pedro. A aposta neste negócio nasceu da “necessidade”, conta Rita, explicando que “foi um caminho que apareceu, uma solução” para não ficarem parados.
A família Magalhães anda em contra-ciclo, porque a restauração tem sido uma das actividades mais afectadas pela crise. As estimativas da associação do sector apontam para o encerramento de 1500 espaços só em 2010, contabilizando restaurantes e hotéis. Mas, em simultâneo, continua a ser uma actividade onde muitos portugueses encontram uma saída, por exemplo, para situações de desemprego, porque não há propriamente requisitos de habilitações literárias. Só talento e, claro, capital. E é precisamente este último factor que muitas vezes condena os estabelecimentos à falência, porque o dinheiro tem de aparecer para fazer face às despesas diárias, mesmo que os clientes não apareçam.
05.03.2011
Quando este projecto começou a ganhar forma e foi preciso encontrar uma família à medida, pensei imediatamente nos Magalhães. Apesar do poder do instinto, não lhe dei a devida importância, de início. Segui as vias convencionais: contactei associações, liguei para amigos de amigos, percorri a agenda telefónica dezenas de vezes. E, depois de 60 contactos infrutíferos (e da frustração que ia tomando conta de mim), decidi dar uma hipótese ao instinto. Quando falei com os Magalhães, pela primeira vez, as peças encaixaram na perfeição. Não só correspondiam ao perfil que procurávamos (uma família com filhos, ligada ao sector privado e com algum conforto financeiro), como disseram que sim. Pedro e Rita não são simples empresários. Investiram na restauração quando o país já estava no pico da crise. E hoje, apesar das dores de crescimento dos seus negócios em Cascais e em Lisboa e do receio em relação ao que o país tem para oferecer a quem investe, continuam à procura de oportunidades. É por isto, e por darem emprego a mais de 20 pessoas e ainda conseguirem educar três filhos, que fazem parte deste projecto.